Deu em "O Globo"

‘Papel da imprensa é criticar o governo’ afirma sociólogo

Magnoli contesta argumentos de ministro da Secom

Do Blog do Noblat
O sociólogo Demétrio Magnoli criticou, no Seminário sobre Liberdade de Imprensa, os argumentos usados pelo governo para defender a discussão sobre regulação da mídia.

Para ele, interesses políticos do governo contaminam o que deveria ser uma discussão de Estado. Ele lembrou, por exemplo, que o próprio presidente Lula disse que a imprensa atua como partido.

- O governo tem obrigação de garantir a concorrência em setores da economia. Mas, quando se trata de informação e jornalismo, o governo é lado. O papel da imprensa é criticar o governo, este, o anterior e o próximo. Não é missão do governo assegurar a liberdade de imprensa, porque ele é parte interessada. Isso é papel do Estado. E a distinção entre governo e Estado desaparece com frases como "é função do governo promover a liberdade de imprensa", ou no discurso que diz que a imprensa é uma partido politico. Isso é posição de um governo que tem dificuldade de distinguir entre governo e Estado ou entre corrente política do e poder público - disse Magnoli.

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Comentários

Saulo Gil disse…
O papel da imprensa é publicar, informar. Críticas, são resultados de análises opinativas. Críticas ao setor público teriam de ter origem em órgãos públicos, que são remunerados pelo povo para fazerem isso. Por isso que poderes democráticos são independentes.
Não existe imprensa pública, portanto, é inaceitável que alguém fomente que instituições privadas sirvam de reguladoras do meio público. MP, Justiça e polícias são feitas para isso.

A imprensa, para noticiar.
sidney borges disse…
Existe imprensa pública sim a TV Lula é um exemplo, consome 700 milhões de reais por ano e dá traço de audiência. A sociedade é um todo formado por instãncias públicas, privadas e público-privadas, mas a imprensa tem autonomia e o dever de fazer o papel fiscalizador que lhe deu o título de "quarto poder". Na Itália fascista, na Alemanha nazista, na URSS comunista, na China, em Cuba e na Coréia do Norte não existe Imprensa fiscalizdora. na verdade nã existe imprensa e sim papel pintado dizendo amém. Nesses países um retirante paupérrimo que tornou-se metalúrgico jamais chegaria à presidência. Imprensa que não faz críticas é "armazém de secos e molhados", como bem disse Millor Fernandes.
Saulo Gil disse…
A imprensa não tem que dizer amém... tem que publicar que o amém foi dito..percebe a diferença? Quando a imprensa diz amém, ela só estará reforçando o amém já dito pelos poderes instituídos democráticos (e oficiais), que não deveriam dizer amém aos pecados do Executivo.
Mais do que infectar o âmbito democrático com interesses anunciadamente financeiros, ao realizar críticas e fiscalizações, a imprensa acomoda os verdadeiros responsáveis por tais deveres democráticos e ainda esconde a verdadeira problemática sobre a falta de estrutura e omissão de tais poderes públicos, remunerados com dinheiro público, como MP, Polícia, Justiça, Câmaras, Senado, etc.
Enquanto evoluirmos nessa base de ficção, que coloca a imprensa como quarto poder, provavelmente, o público (e o privado) continuará cobrando quem não é de direito. Literalmente. Ciclo de alienação crescente... uma boa classificação para a evolução democrática da imprensa.
No entanto, falando de capitalismo, sem dúvidas, a atual posição de interferência democrática da mídia rende bons patrocínios. O que alimenta o ciclo defendido por ti. E paga salários de jornalistas como eu.
sidney borges disse…
Em princípio eu não defendo nada além da existência de uma imprensa atuante e livre de vínculos com quaisquer poderes. O fato de acreditar nisso não significa que eu aprove todas as ações da imprensa. Quando José Dirceu alimentava as redações com acusações infundadas a Eduardo Jorge não vi ninguém falar em controle da imprensa. O capitalismo está longe de ser o sistema ideal, mas não vejo alternativa viável a ele, hoje mesmo Lula tocou no tema desancando o socialismo soviético e seus satélites. O que não pode haver é continuidade nas distribuições de concessões de rádio e televisão por critérios políticos em detrimento de capacidade técnica. No caso dos jornais e revistas a coisa é diferente, entra no jogo quem tem grana. O tema dá uma boa polêmica. Continue.
Saulo Gil disse…
Sabe Sidney, há algum tempo procuro evitar formular soluções. Pois, estas estão ligadas à perspectiva. O que acaba ignorando o factual. Não sei se é possível a mudança para aquilo que acredito ser o ideal de uma imprensa, mas rechaço a continuidade no que considero erros viciosos.
Acho que a aproximação da imprensa com esses órgãos responsáveis pela fiscalização e regulação do Executivo pode contribuir para o aperfeiçoamento de ambas as funções. Vide Ubatuba, que certamente servirá de exemplo para o funcionamento adequado dos poderes, independente dos resultados das últimas iniciativas. Já disse que não apóio o sistema héroi-vilão, como vc sabe que é propagado pela maior mídia do país (Globo), mas ainda acredito que princípios são as ferramentas mais valiosas de nossa racionalidade. No caso de nossa província, ainda confio que a democracia instituída, com deveres realizados pelos poderes, possa resultar na melhora de nossa política e sociedade. Você é um exemplo a ser seguido, ao meu ver, não tanto nas idéias, mas na prática. Vide como publicou a rejeição de contas por parte do TCE. Isso é imprensa. O resto deveria ser livre opinião, que pode também ser publicada, mas com devida classificação, sem riscos de manipulação ao leitor, ouvinte, ou telespectador.
sidney borges disse…
Quem faz jornalismo precisa ter em mente que o que interessa é a notícia. Comentários opinativos são desejáveis e importantes, mas na seção de comentários. Posto isto, digo a você que o diabo é sábio por ser velho, não por ser o diabo. Talvez em 1968 ou 1969 eu o rotulasse de pequeno burguês reacionário a serviço do imperialismo por trabalhar para uma empresa de capital internacional. O tempo passa, ficamos mais prudentes e com pouca disposição de aplicar rótulos e classificar pessoas. Eu também não gosto de certos aspectos da imprensa. A Folha defende primordialmente os interesses de Otavio Frias Filho, a Globo os interesses dos Marinho, embora, veladamente, seja sempre governista, mesmo quando faz críticas. Nasceu assim e assim ficará até o final de seu ciclo. No entanto, imaginar que pode haver um órgão que melhore o que há, órgão este controlado pelo Estado, não passa de sonho. A imprensa vai melhorar quando a sociedade evoluir e as pessoas exigirem uma imprensa melhor. Em 300 anos isso deve acontecer. Talvez mais...

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