Eleições 2010

Presidente: 2010 não é 2002 e não é 2006

César Maia, ex-prefeito do Rio de Janeiro
1. No segundo turno da eleição presidencial de 2002, embora Lula não tenha alcançado os índices que ele mesmo alcançou em 2006 e Dilma em 2010, há uma diferença fundamental. Dois fortes candidatos que somaram mais de 20% dos votos, e que tinham expressão regional e nacional, apoiaram abertamente Lula no segundo turno: Garotinho e Ciro Gomes. Dado o perfil de ambos, a indução ao voto convergia com o perfil de Lula.

2. No segundo turno de 2006, embora a diferença de Lula para Alckmin tenha sido bem menor, a tertius - Heloisa Helena - teve apenas 6%, e a origem de seus votos estava à esquerda de Lula. Por isso, o segundo turno de 2006 abriu com Lula radicalizando à esquerda com um discurso demagógico fortemente estatizante, acusando seu adversário do contrário.

3. Agora, em 2010, a tertius - Marina Silva - obteve votação expressiva de 20%. Mas a origem de seus votos é dicotômica: 50% de voto "politicamente correto". Não necessariamente à esquerda. Por exemplo, o voto ético. E 50% de voto conservador que saiu da Dilma em função de valores cristãos. Com isso, Serra tem capacidade de atrair pelo menos metade do "voto politicamente correto" e 100% do voto conservador de Marina. Ou seja: 15 pontos.

4. Como os 42% de Marina (sobre o total de eleitores que compareceram a urna em 3 de outubro) não são ideológicos, mas pragmáticos em boa medida, e além disso a abstenção e votos brancos/nulos somaram 27%, o segundo turno de 2010 está em aberto. Até que se avalie o poder de atração de Serra.

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