Deu em O Globo

O trem-bala do PT irá do Oiapoque ao Chuí

Elio Gaspari (original aqui)
O projeto do trem-bala tornou-se um monumento à empulhação. Tratando-se de uma obra que desde o primeiro momento foi acompanhada pela ministra Dilma Rousseff, ele permite viajar num típico de sua qualificação técnica e administrativa.

Em 2007, o trem faria a rota Rio-São Paulo, ficaria pronto antes da Copa de 2014, custaria R$ 18 bilhões, cobraria R$ 80 pela viagem e nada custaria à viúva. Seria bancado pelos concessionários. O bólide não o pararia no caminho, mas ninguém sabia dizer por quê.

Felizmente, o Tribunal de Contas travou a proposta, apontando inconsistências na estimativa da demanda. O TCU encontrou uma tabela com números absurdos. Feita a denúncia, o consórcio italiano que encaminhou o estudo disse que aquela planilha não tinha sido posta lá por ele.

Em 2008, decidiu-se que o governo entraria no negócio e o trem-bala tornou-se uma das joias da coroa do PAC. A essa altura o preço foi estimado em mais R$ 18 bilhões, com diversas paradas, estendendo-se até Campinas, uma decisão que deveria ter sido tomada no primeiro momento.

A ministra Dilma Rousseff defendia o projeto italiano mas ele foi moído no BNDES. Em maio daquele ano, a comissária confirmava o custo previsto na literatura do PAC. O BNDES trabalhava com uma conta de R$ 22 bilhões.

Em 2009, aquilo que seria um projeto privado ainda não atarraxara um só parafuso, mas começou-se a falar na criação de uma empresa estatal para a obra. Quanto ao custo, pulou para R$ 33 bilhões e as paradas seriam oito. O velho e bom BNDES deveria pingar R$ 20 bilhões.

Todos os prazos e custos do projeto estouraram. A tarifa Rio-São Paulo de R$ 80,00 está estimada em R$ 200. Ofereceram-se isenção tributárias de ICMS, PIS/Pasep e Cofins aos interessados. (Coisa de R$ 500 milhões.) Os consórcios internacionais querem que o governo garanta a demanda e tudo indica que serão atendidos, apesar de um deles já ter dito que não precisa disso. (Com garantia de demanda, Eremildo, o Idiota, inaugura uma linha de ônibus para a Lua.)

Com a proximidade da eleição, o embuste ganhou uma nova dimensão. Em maio, renasceu uma ideia de 2008 para estender o percurso do trem-bala a Belo Horizonte e Curitiba. No trajeto Rio-Campinas, ele percorreria 518 quilômetros. Com essas duas linhas, seriam mais 895 quilômetros.

Em julho, o senador Aloizio Mercadante prometeu trabalhar para levar o trem a Bauru, Sorocaba e Ribeirão Preto. Mais 400 quilômetros, pelo menos. Os 518 quilômetros iniciais ainda estão no papel e já prometeram mais 1.300 quilômetros.

Se o dia 3 de outubro demorar mais um pouco, os candidatos do governo oferecerão o Expresso Oiapoque-Chuí.

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