Coluna do Rui Grilo

A Guerra contra o crack

Rui Grilo
Na sua coluna de 04/06/10, o Celsinho diz: “É angustiante ver a falta de perspectivas para a nossa garotada.” Em seguida diz que há algumas ações, mas de pequeno alcance frente ao elevado número de jovens e que é necessário um esforço muito maior e mais abrangente; mas fica em dúvida se há atores confiáveis para conduzir um processo de mobilização da comunidade, isentos de interesses pessoais, sejam políticos, financeiros ou religiosos.

No entanto, é preciso estar com olhos abertos para ver que há várias iniciativas no sentido de articular ações e parceiros para que se consigam melhores resultados.

Uma delas é o Plano de Mobilização pela Educação,através do qual o Ministério de Educação e Cultura procura elevar o IDEB – índice de desenvolvimento da educação básica, chamando para a participação os governos estaduais e municipais, as escolas, as famílias, sindicatos e organizações não governamentais.

Outra iniciativa, que segue as mesmas orientações da primeira, é o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack**, assinado por Lula em 20/05/10, ocasião em que fez a seguinte análise:

“Sabemos que não é uma droga de rico, é mais para pobre, e sabemos que ela está sendo utilizada nas pequenas cidades. É uma droga mais barata e está tendo um efeito devastador. Vamos tentar encontrar um jeito de jogar muito duro para combater o crack em parceria com os prefeitos. Queremos a participação das igrejas, dos sindicatos”.

Para discutir essa questão, o programa Expressão Nacional*, da TV Câmara, reuniu os deputados Alceni Guerra (DEM-PR), Paulo Delgado (PT-MG) e Osmar Terra, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, e a coordenadora da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo, Ana Cecília Marques.

Os vários participantes foram unânimes em elogiar a atitude de Lula ao assinar o decreto e ao convocar uma reunião dos prefeitos pois o uso dessa droga se pulverizou, atingindo pequenas cidades e todas as classes sociais. Os prefeitos, por conhecerem o território e os problemas imediatos são fundamentais para a solução do problema.

Para Osmar Terra, “o crack nos pegou de surpresa” causando a morte de 6 pessoas por dia no RS e aproximadamente 100 em todo o Brasil, razão pela qual o traficante de crack deveria ter uma penalidade maior.

O efeito é tão devastador que Caetano Veloso, ao ver uma usuária de crack na rua, suspendeu a sua adesão à defesa da descriminalização das drogas.

Os vários participantes do programa chegaram à conclusão que, se não houver integração entre o governo, a sociedade, a igreja e a família a situação não vai melhorar.

Osmar Terra enfatizou a necessidade de prevenção a partir da melhoria da pré-escola, pois é lá que se desenvolvem habilidades, atitudes e valores; que se vai formar a resiliência, ou seja, a capacidade de resistir ao desejo de experimentar drogas, do consumo a qualquer preço, de praticar atos que considera imorais ou prejudiciais a si e aos outros.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, Paulo Delgado relatou a experiência de Governador Valadares, em que, para combater o envolvimento de adolescentes com drogas, a prefeita resolveu expandir os turnos escolares, conseguindo com essa medida baixar os índices de envolvimento com drogas.

Assim, Celsinho, concordo com você quando propõe a articulação de um grupo para pensar essas questões e a realização de um levantamento de dados dos trabalhos que estão sendo feitos aqui em Ubatuba, dentro dessa perspectiva de articulação entre os vários segmentos da sociedade.

Veja que os dois programas, embora elaborados pelo PT, chama e conta com a participação de pessoas de diferentes partidos e concepções religiosas. O programa da tv teve a participação da UNIFESP e de políticos de diferentes partidos: Alceni Guerra, do DEM; Paulo Delgado, do PT; e Osmar Terra, do PMDB.

Rui Grilo – ragrilo@terra.com.br

Para ver os dois blocos do programa aqui e aqui

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