Papo do Editor
Desejo e realidade
Sidney Borges
Boa noite leitores. Múltiplos afazeres me afastaram do blog durante o dia. Estou de volta, mas o que estava programado para hoje fica para segunda-feira. Leio na Folha que no Rio o premiê da Turquia defende o fim das armas nucleares. A proposta tem consistência de fumaça esgarçando-se no ar.
Por que não exigir da natureza o fim dos vulcões?
A questão nuclear começa novamente a tomar forma no imaginário americano. Houve época em que era dado como certo que a Guerra Fria iria esquentar. Foram construídos milhares de abrigos subterrãneos com estoque de comida e água para meses. A paranóia era total. Quem sabe fruto de culpa pelos bombardeios de Hiroxima e Nagasaki.
Hoje não existe inimigo palpável. Os russos viraram amigos. Em seu lugar surgiram os guerreiros de Alá da Al Qaeda. Soldados que não usam farda e perdem-se no meio da multidão. Não plantam bombas e fogem, amarram os artefatos no corpo e explodem junto. A recompensa é grande, 100 virgens. Esses terroristas são imprevisíveis e podem agir a qualquer momento. Ataques nucleares não necessitam de bombas atômicas, grandes e desajeitadas. O perigo está nas "bombas sujas", artefatos explosivos convencionais contendo material radioativo.
No Brasil tivemos um acidente nuclear com césio 137, em Goiânia. Catadores de papel encontraram e abriram um aparelho de radioterapia em um hospital abandonado. Encontraram uma cápsula contendo 93 gramas de material radioativo e ficaram maravilhados com o conteúdo. Um pó azul que brilhava no escuro. Esfregaram no corpo e levaram para casa para mostrar a amigos e familiares.
Resultado: 112 800 pessoas foram expostas aos efeitos do césio, 129 pessoas foram apenas medicadas, 49 foram internadas, sendo que 21 precisaram sofrer tratamento intensivo; destas, quatro não resistiram e acabaram morrendo.
O acidente aconteceu em setembro de 1987 e a região só voltou à normalidade no final dos anos 90. Apenas 100 g de material radioativo foram suficientes para gerar 13,4 toneladas de lixo atômico que necessitou ser acondicionado em 14 contêineres. Dentro destes estão 1.200 caixas e 2.900 tambores, que permanecerão perigosos para o meio ambiente por 180 anos.
Quantos dispositivos médicos obsoletos, com material radioativo, há no mundo? Quantos em países onde não há controle, como o Brasil de 1987? O que acontecerá se terroristas explodirem bombas com o pó azul que brilha no escuro em Nova Iorque, Paris ou Londres?
O mundo está ficando perigoso. Cada dia mais. Embora avance em tecnologia o homem também avança em estupidez. Não existe percepção de que a estadia no planeta é breve. Poderia ser um período de férias para todos, recursos há de sobra. Bullshit!
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Sidney Borges
Boa noite leitores. Múltiplos afazeres me afastaram do blog durante o dia. Estou de volta, mas o que estava programado para hoje fica para segunda-feira. Leio na Folha que no Rio o premiê da Turquia defende o fim das armas nucleares. A proposta tem consistência de fumaça esgarçando-se no ar.
Por que não exigir da natureza o fim dos vulcões?
A questão nuclear começa novamente a tomar forma no imaginário americano. Houve época em que era dado como certo que a Guerra Fria iria esquentar. Foram construídos milhares de abrigos subterrãneos com estoque de comida e água para meses. A paranóia era total. Quem sabe fruto de culpa pelos bombardeios de Hiroxima e Nagasaki.
Hoje não existe inimigo palpável. Os russos viraram amigos. Em seu lugar surgiram os guerreiros de Alá da Al Qaeda. Soldados que não usam farda e perdem-se no meio da multidão. Não plantam bombas e fogem, amarram os artefatos no corpo e explodem junto. A recompensa é grande, 100 virgens. Esses terroristas são imprevisíveis e podem agir a qualquer momento. Ataques nucleares não necessitam de bombas atômicas, grandes e desajeitadas. O perigo está nas "bombas sujas", artefatos explosivos convencionais contendo material radioativo.
No Brasil tivemos um acidente nuclear com césio 137, em Goiânia. Catadores de papel encontraram e abriram um aparelho de radioterapia em um hospital abandonado. Encontraram uma cápsula contendo 93 gramas de material radioativo e ficaram maravilhados com o conteúdo. Um pó azul que brilhava no escuro. Esfregaram no corpo e levaram para casa para mostrar a amigos e familiares.
Resultado: 112 800 pessoas foram expostas aos efeitos do césio, 129 pessoas foram apenas medicadas, 49 foram internadas, sendo que 21 precisaram sofrer tratamento intensivo; destas, quatro não resistiram e acabaram morrendo.
O acidente aconteceu em setembro de 1987 e a região só voltou à normalidade no final dos anos 90. Apenas 100 g de material radioativo foram suficientes para gerar 13,4 toneladas de lixo atômico que necessitou ser acondicionado em 14 contêineres. Dentro destes estão 1.200 caixas e 2.900 tambores, que permanecerão perigosos para o meio ambiente por 180 anos.
Quantos dispositivos médicos obsoletos, com material radioativo, há no mundo? Quantos em países onde não há controle, como o Brasil de 1987? O que acontecerá se terroristas explodirem bombas com o pó azul que brilha no escuro em Nova Iorque, Paris ou Londres?
O mundo está ficando perigoso. Cada dia mais. Embora avance em tecnologia o homem também avança em estupidez. Não existe percepção de que a estadia no planeta é breve. Poderia ser um período de férias para todos, recursos há de sobra. Bullshit!
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