Papo do Editor

Máfias e conexos

Sidney Borges
Leio na folha que Lula vai manter Tuminha no cargo se não aparecer fato novo. O chapéu da matéria, "Máfia Chinesa", cai como uma luva. Alguém abastece livremente a região da Galeria Pagé com produtos "made in China". Não sei se o delegado está metido nisso. Como disse Lula, é preciso investigar. Democraticamente. Uma forma democrática de investigação, usada nos Estados Unidos, é usar a Receita Federal. Como vive o delegado? O padrão de vida coincide com os proventos? Se a resposta for afirmativa a suposta má conduta é pouco provável. No entanto, se na garagem estiverem estacionados Mercedes, BMW, Audi, Jaguar, Land Rover, se a casa for luxuosa, se as viagens forem de primeira classe, se a adega estiver repleta de Romanée-Conti e charutos Cohiba Behike, é preciso saber de onde vem o dinheiro. Tais sinais de riqueza não combinam com salário de delegado. No Brasil não é hábito comparar ganhos e gastos. Políticos não gostam da idéia. O que é bom para os Estados Unidos nem sempre é bom para o Brasil.

O contrabandista de celulares chama-se Li Kwok Kwen. Sabiamente usa apelido. Paulo Li. Kuok Kwen em português parece conversa de pato.

O noticiário político é repetitivo, nada de novo acontece, as notícias aborrecem. Dilma e Serra seguem em campanha, Serra diplomático. Dilma tropeçando no aprendizado. A primeira vez nem sempre é fácil, ela é inteligente e vai acabar apreendendo. Não sei se a tempo. Nas camadas melhor aquinhoadas, o andar de cima de Elio Gaspari, a decisão de voto está consolidada. No atacado a coisa permanece indefinida. Ganhe Dilma ou Serra, um fato é certo. Em 2011 Lula não terá a caneta nas mãos. Só então ele vai se dar conta do que é perder o poder. As metáforas futebolísticas não serão mais aplaudidas e os erros gramaticais provocarão caras de desaprovação. Quem tem idade para tanto lembra-se dos tempos de Fernando Collor de Mello. Nas noites de domingo a Globo nos empurrava goela abaixo as corridas do presidente. E as camisetas com frases de efeito. O poder da caneta é maior do que se imagina. Collor influenciou até o gosto musical do brasileiro. O presidente gosta de sertanejos, então tome sertanejos. E os sertanejos encheram os bornais de ouro. Hoje o senador Collor veste Armani, mas se aparecer com uma camiseta engraçadinha ninguém vai aplaudir. Talvez um mais exaltado pergunte:

- Esse cara é bobo?

Está longe de ser bobo, mas não sai mais na Rede Globo.

O São Paulo vai ter duas partidas difíceis pela frente. No domingo joga no Maracanã contra o Flamengo pelo Campeonato Brasileiro. Durante a semana será a vez do Cruzeiro, no Mineirão, pela Libertadores. No ano passado deu Cruzeiro. Competições no estilo mata-mata são emocionantes, mas exprimem apenas o momento. Copas do Mundo perderiam a graça se tivessem pontos corridos. O Brasil teria mais dois ou três títulos e seria absoluto. Isto é, mais absoluto, pois absoluto já é. Argentinos e espanhóis enrubescem quando ouvem isso. Argentinos até que com alguma razão, ganharam duas copas. Espanhóis são falastrões, mas nunca levantaram o caneco. A Fifa vira e mexe coloca a Espanha em primeiro no ranking. Ora a Fifa, como levá-la a sério?

Ontem fui a São Sebastião. Dia bonito, viagem agradável. Resolvi meus negócios e às 17h30 iniciei a volta. São Paulo me veio à cabeça. Peguei o maior congestionamento dos últimos 20 anos. Imobilidade total por duas horas. Uma barreira rolou montanha abaixo em trecho de pista estreita. Para completar um motoqueiro se acidentou e morreu, ficando o corpo estirado, esperando remoção. Não consegui apurar se houve relação entre barreira e fatalidade. No retorno noturno senti falta de cuidados com a estrada e falta de respeito com os motoristas. Entre São Sebastião e Caraguatatuba há trechos perigosos, sem pintura de faixa, sem iluminação e sem sinalização. Reclamar com quem? Vou enviar carta ao bispo, talvez funcione.

Depois do atraso que me custou a presença em compromisso, estacionei para jantar. Parei em frente a um prédio cheio de grades, com segurança armado. Perguntei a um transeunte se era o novo necrotério. Ele falou que era a Câmara Municipal. Mas a Câmara é aqui? Não é lá, perguntei apontado a Câmara velha. Ele disse que era "aqui, lá e acolá". Ubatuba tem três Câmaras. Um senhor que ia passando pegou carona:

- Não são dez vereadores? Antes era uma Cãmara para dez, agora são três Cãmaras para dez, logo serão dez Câmaras para dez. Uma Câmara para cada vereador. Democrático.

Raciocínio digno de moção pensei comigo enquanto caminhava em direção ao jantar.

Aviso aos navegantes. A indisciplina na mais tradicional escola de Ubatuba está passando dos limites e o diretor faz que não é com ele. Quando acontecer algo muito grave, como quase ocorreu hoje, talvez alguma providência seja tomada. Escola não é reformatório, delinqüentes devem se tratados como tal. Em lugar apropriado.

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