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A falta de docentes nas federais

Editorial do Estadão
Como a expansão das universidades federais no governo Lula foi determinada mais por critérios políticos do que técnicos, muitas delas agora enfrentam dificuldades para encontrar professores com a qualificação necessária para compor o quadro docente. Nos últimos 5 anos do governo Lula, foram criadas 15 novas instituições federais de ensino superior, que oferecem 12 mil novas vagas em seus cursos de graduação. Contudo, os cursos de pós-graduação estrito senso - a maioria concentrada nas Regiões Sudeste e Sul ? não estão conseguindo formar mestres e doutores para suprir a demanda.

O problema é mais grave na Região Norte, onde as Universidades Federais de Rondônia (Unir), Pará (UFPA) e Amazonas (Ufman) tiveram de abrir novos concursos públicos para seleção de docentes, por falta de inscritos qualificados nos concursos anteriores. A maior dificuldade é preencher as vagas nos campi mais afastados das capitais. Das cinco novas unidades da instituição, a mais próxima da sede está a 720 km de Manaus. Outra unidade fica numa cidade de 20 mil habitantes, sem infraestrutura e sem acesso aéreo, na fronteira com a Colômbia e o Peru.

"É difícil um doutor querer morar num lugar assim. A gente enfrenta uma concorrência desleal, pois não existe uma política que dê um diferencial mais sedutor ao Norte. Aqui nunca é a primeira opção", diz o professor Albertino de Carvalho, pró-reitor de gestão da Ufman. "Para melhorar nosso atrativo, precisamos de recursos extras e de uma política de médio e longo prazos. E isso depende de uma decisão política: o País quer ou não criar condições para termos doutores capazes de aproveitar o potencial da região amazônica?", pergunta o pró-reitor de pesquisa e extensão da UFPA, Emmanuel Tourinho.

Como os salários das universidades federais são iguais em todo o País, quem tem mestrado ou doutorado prefere fazer a carreira acadêmica nas instituições do Sudeste e do Sul. Sediadas em cidades de médio e grande portes, elas são mais equipadas, em matéria de instalações físicas, equipamentos de informática, laboratórios e bibliotecas. E, além de oferecer melhores condições de trabalho, gozam de uma visibilidade internacional que as universidades federais das Regiões Norte e Centro-Oeste não possuem.

Além de registrar altos índices de evasão e expressivas taxas de ociosidade em alguns cursos, a maioria das universidades criadas nos últimos anos pelo governo Lula ainda funciona em canteiros de obras atrasadas, com aulas em prédios improvisados e sem dispor de infraestrutura. Por causa disso, algumas não estão conseguindo reter os estudantes beneficiados pelo sistema de cotas, que chegam despreparados da rede pública de ensino médio. As novas universidades tiveram a inauguração antecipada, a fim de que pudessem ser utilizadas como bandeira política para as eleições de 3 de outubro.
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