Deu em O Globo

Ao invés de férias, Lula preferia que Tuma Jr. saísse

Presidente elogia secretário, que não deverá, porém, voltar ao governo

De Jailton de Carvalho e Roberto Maltchik
O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, não poderá retornar das férias de 30 dias que tira a partir de hoje, para se defender das acusações de suposto envolvimento com o chinês Li Kwon Kwen, o Paulo Li, preso desde setembro passado por contrabando.

Está combinado entre o Ministério da Justiça e o Palácio do Planalto que Tuma será afastado do cargo em caráter definitivo, independentemente do resultado das três frentes de investigação que existem contra ele: um inquérito na PF, uma investigação interna da Controladoria Geral da União e procedimento da Comissão de Ética.

Ontem, o presidente Lula defendeu publicamente o afastamento do secretário, solução diferente das férias negociadas pelo Ministério da Justiça.

- Temos de ter clareza que o Tuma tem serviços prestados de forma extraordinária à polícia de São Paulo. Há indícios de conversas dele com pessoas que são suspeitas, mas não há nenhuma prova concreta de que ele cometeu qualquer ilícito. Nesta situação, prefiro que haja o afastamento dele e uma apuração correta. Se o ministro entendeu que as férias dariam o tempo suficiente para fazer a investigação, acho que o ministro tomou a atitude correta - disse Lula, em entrevista ao SBT.

Mas, enquanto o governo diz que a saída de Tuma Jr. é questão de tempo, o secretário continua disposto a resistir. Apesar das investigações em curso, ele mantém o discurso de que não cometeu sequer "uma imoralidade" nas conversas que travou com Paulo Li, e que foram interceptadas pela Polícia Federal:

- Não tirei férias para ser esquecido, mas para me defender. Quem está falando que vou sair está expressando um sentimento que não tem coragem de expor publicamente, e que não é o meu sentimento.

A saída de Tuma foi acertada pelo chefe de Gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, e pelo ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto. Segundo eles, a melhor saída seria a demissão em duas etapas: as férias com o pretexto de defesa e, depois, exoneração.

Eles entendem que a demissão sumária agora seria punição injusta, porque o primeiro inquérito da Operação Wei Jin - investigação sobre suposto esquema de contrabando da organização de Paulo Li - não aponta os crimes que, supostamente, teriam sido cometidos por Tuma.

Mas ambos acham que, mesmo sem provar crimes, a proximidade com Li deixou Tuma Jr. em situação insustentável.

- Não tem retorno - disse uma fonte do governo.

Dois dos principais auxiliares do secretário também estão sendo afastados em caráter definitivo. O chefe do Departamento de Estrangeiro, delegado Luciano Pestana, e o assessor especial Paulo Guilherme de Mello.

Eles voltarão a trabalhar na PF, em São Paulo, onde estavam lotados antes de serem chamados para Brasília. Pestana anunciou que também tiraria férias. Mas está acertado que ele também não retorna.

Ambos tiveram conversas interceptadas na Operação Wei Jin. (Do Blog do Noblat)

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