Coluna da segunda-feira

Violência nas escolas

Rui Grilo
Neste sábado (29/05), no programa Ação, Serginho Groisman entrevistou Carminha Brant, que faz parte da equipe do CENPEC – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, instituição que presta assessoria ao Ministério de Educação e Cultura e a um grande número de secretarias de educação municipais e estaduais.

Ela destacava a importância da família e a necessidade de interação entre a escola e a família para a melhoria da qualidade da educação e para a solução de problemas relacionados à violência nas escolas.

No entanto, com raras exceções, os pais são chamados para trabalhar em festas para arrecadar fundos, para limpar ou fazer pequenos consertos, quando o filho apronta alguma; são chamados para provar que a escola tem órgãos de representação da comunidade e poder receber verbas. Para discutir os rumos da escola, eles não teriam competência porque não são especialistas.

Fiquei pensando nos últimos fatos veiculados pela Vanguarda e pelo Imprensa Livre no que se refere às escolas de Ubatuba e a atitude das autoridades educacionais locais em relação ao Programa de Mobilização Social pela Educação.

Segundo a supervisora, Marta Senghi Soares, “ apesar das iniciativas pedagógicas em busca de paz nas escolas, o relacionamento entre alunos e também com os professores apresenta um quadro preocupante” e é um reflexo da própria sociedade em que está inserida.

Reconhecendo que é uma situação difícil de ser resolvida sem a participação de todos, o MEC convocou igrejas, empresários e as mais variadas instituições para elaborar o Plano de Mobilização Social pela Educação. Para isso, realizou oficinas com os mais diferentes setores: secretários de educação estaduais e municipais, promotores públicos, conselhos tutelares, ongs. Como resultado dessas oficinas surgiram os COMITÊS DE MOBILIZAÇÃO PELA EDUCAÇÃO, em âmbito municipal, regional e estadual.

Também criou materiais para divulgação e para formação de formadores; também criou um site que permitiu a formação de uma rede para a troca de experiências entre os mobilizadores das mais diferentes regiões do país.

No entanto, aqui em Ubatuba, como a educação está 100%, a cada vez que procurávamos alguma escola era colocada uma exigência com o objetivo de postergar a realização de uma reunião com o Conselho Escolar para discutir a proposta. Quando nos dirigímos à uma das três escolas apontadas como problemáticas, fomos encaminhados à Diretoria de Ensino. De lá, fomos encaminhados novamente à escola e até hoje não temos uma resposta.

Quando procuramos o Promotor Público para convidá-lo a participar da reunião, ele indicou a data em que poderia participar. Marcamos a reunião na data sugerida por ele porque nos municípios em que o Promotor participa das atividades do Comitê de Mobilização, o trabalho tem avançado e faz parte das suas funções a defesa dos direitos da criança e do adolescente. No entanto, ele nunca compareceu e nem se justificou.

Recentemente, um responsável por um aluno fez o seguinte relato: na presença de diversos alunos e alguns pais, um outro aluno alterou a voz com uma professora, ofendia, intimidava e ameaçava de amassar o carro dela, com a alegação de que a professora havia passado com o carro por cima de sua bicicleta, quando todos os demais o alertavam de que ele estava enganado, equivocado, que o fato não havia ocorrido. Inconformado com essa situação, solicitou uma reunião do Conselho Escolar. A diretora da escola convocou-o e, em vez de discutir a proposta, solicitou a ele que apresentasse os estatutos da entidade da qual participa, como se não fosse um direito legítimo dos pais solicitarem uma reunião para discutirem os problemas que a escola enfrenta.

E como se isso não bastasse passou a atacar outro membro do Comitê de Mobilização que não estava presente.

Então, dá para acreditar em todas aquelas boas intenções expressas nas matérias da Vanguarda e do Imprensa Livre? Afinal de contas, como disse uma das autoridades entrevistada “a solução efetiva passa por toda uma questão social dos alunos. O problema não é da escola.

Rui Grilo
ragrilo@terra.com.br

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