Papo do Editor

Divagações domingueiras

Sidney Borges
Por obra e graça da poeira vulcânica que colocou no chão a aviação européia - "graundeou" em dialeto de aeroclube - conversei ontem com dois amigos que vivem no desterro. Ambos foram meus colegas de planeios em Tatuí, seguiram a vida pilotando aviões da Varig e quando "a pioneira" entrou em dispnéia pré-agônica trataram de dar às de Vila-Diogo.

Samuca mora na China, trabalha na Shenzhen Airlines. Pilota Boeing 737-800 pelos céus da Ásia. Peter é master de Boeing 777 na Emirates Airlines. Voa pelos céus da Ásia, América do Norte, Europa e Oceania. Mora em  Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Nenhum dos dois pensa em voltar, o caso Varig-Aerus os tornou desconfiados. Aqui entre nós, falando baixinho, não é conveniente mencionar José Dirceu perto deles. O milionário ex-ministro está mal na fita.

As ligações de ontem deixaram claro que a nuvem está preocupando quem ganha a vida nos céus. Pilotos que voam aviões cargueiros para a Europa estão temerosos. Existe a possibilidade do problema durar meses o que levaria empresas à bancarrota, causando desemprego. Não há o que comentar, resta esperar e torcer para que as erupções cessem. Alguns geólogos afirmam que outro vulcão está prestes a iniciar atividades. Tomara que estejam errados.

Depois das conversas fui passear na floresta com meu cachorro e fiquei meditando sobre os avanços tecnológicos que assimilamos sem perceber e que mudam nossas vidas. O Skype, por exemplo.

Lembrei-me de um seriado da Tupi, Jet Jackson, super-heroi que voava em um avião de asas em delta, parecido com o caça Skyrocket da Casa Aerobrás. O nobre paladino da Justiça tinha telefone celular para falar com o coadjuvante Chunk. Em 1959! Super-herois costumam trabalhar em duplas, menos o Super-Homem que é solitário. Na verdade trata-se de um caso de duplo ego, Clark Kent e Super-Homem são um só, embora sejam dois. Essas coisas de dois-em-um são complicadas, quanto mais o três-em-um da Santíssima Trindade em que Pai, Filho e Espírito Santo constituem um único ser. E, o Espírito Santo, ainda por cima, é uma pomba.

Jet - tenho o direito de chamá-lo assim, não perdi um capítulo - tinha uma televisão para contatos. Não era uma televisão qualquer, além de ter a tela redonda permitia a ele ver o interlocutor e ser visto enquanto combinavam extirpar o mal. Parecido como fazemos no Skype quando trocamos amenidades nas ligações com imagens.

O seriado Jet Jackson era patrocinado por uma empresa que fabricava televisores com o tubo exposto. Esquisitos. Não foram adiante.

Como não irão adiante os sonhos dos vereadores de Ubatuba que querem o lugar de Dudu. Podem tirar o cavalinho da chuva, ele não vai dar apoio a nenhum. O candidato do Super-Homem já foi escolhido. Sei quem é, mas nem às paredes confesso.

Se for torturado abro o bico, não sou de ferro...

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