Divindades e Religiões

Pedofilia leva a Igreja ao fundo do poço

Do blog de Ricardo Kotscho (original aqui)
Quanto mais tenta justificar a enxurrada de acusações de pedofilia contra padres e bispos em diferentes regiões do mundo, mais a Igreja Católica Apostólica Romana se afunda no poço das suas contradições.

A última agora foi esta inacreditável declaração feita terça-feira, em Santiago do Chile, pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, o segundo homem na hierarquia da Igreja:

“Muitos psicólogos e psiquiatras demonstraram que não há relação entre celibato e pedofilia, mas outros demonstraram que há entre homossexualidade e pedofilia”.

De onde ele tirou isso? Quais psicólogos e psiquiatras chegaram a esta conclusão? E o que leva membros do clero à homossexualidade?

Mesmo sem ser um estudioso do assunto, qualquer leigo pode concluir que é mais provável o celibato levar à homossexualidade, ao obrigar homens e mulheres a conviverem unicamente com pessoas do mesmo sexo nos conventos e seminários. Mas de onde este cardeal foi tirar a ligação entre homossexualidade, uma orientação sexual, e pedofilia, um crime hediondo, em qualquer lugar do mundo?

Em pleno século 21, o celibato obrigatório na igreja é uma das maiores aberrações e hipocrisias que ainda resistem ao tempo de mudanças em que vivemos.

Setores cada vez mais amplos da própria Igreja são contra esta instituição, que não está em nenhum lugar das escrituras sagradas, mas têm receio de se manifestar publicamente contra um dogma defendido pelo papa Bento 16, o mais retrógado e autoritário chefe da Igreja dos tempos modernos.

O prório Bento 16 já foi denunciado pela imprensa americana, com a revelação de documentos do Vaticano, por ter acobertado ao menos dois casos de pedofilia, quando ainda comandava a Congregação para a Doutrina da Fé, na época responsável pela expulsão da Igreja do frade brasileiro Leonardo Boff.

As denúncias crescem em progressão geométrica desde que foi aberta uma linha telefônica, em março, na Alemanha, terra natal do Papa, para receber denúncias anônimas por vítimas de pedofilia.

Quase 15 mil denúncias foram feitas em apenas uma semana, o mesmo número de um relatório da Igreja Católica na Irlanda, publicado no ano passado, segundo informa a repórter Luciana Coelho, da Folha, em Genebra.

Sem saber o que fazer diante do tsunami de denúncias de abusos contra padres e religiosos, e como não é mais possível esconder os malfeitos, a Igreja já atirou para todos os lados, pediu desculpas, anunciou que fará rigorosas investigações e que as vitimas devem ser indenizadas, mas a cada dia que passa a situação fica pior, como nesta manifestação do cardeal Bertone.

Em Santiago ainda, sem citar as fontes de onde tirou suas conclusões, o vice do Papa foi mais longe e afirmou que a pedofilia é “uma patologia que aparece em todos os tipos de pessoas e, nos padres, em um grau menor em termos percentuais”.

De onde ele tirou isso? Mesmo que fosse verdade, não justificaria a atitude canalha dos religiosos, que deveriam dar o exemplo e proteger os jovens, e não abusar deles, embora admita que “o comportamento de padres, nesses casos, é negativo, é grave e é escandaloso”.

O mal está feito e não tem cura para as milhares de vítimas deixadas no caminho pelos “celibatários” da Igreja. O que o mundo gostaria de saber é o que a Igreja Católica pretende fazer para que essa patologia, como diz Berdone, não se transforme numa pandemia, esvaziando cada vez mais os templos católicos.

Antes que me acusem de preconceito religioso contra os católicos, acho bom informar que esta é a minha Igreja, estudei em colégio de padres, pensei em seguir o sacerdócio, mas não dá para se calar diante destes reiterados crimes praticados contra menores nas sacristias pelo mundo afora.

Claro que não se trata de uma exclusividade da Igreja Católica. Em nome de Deus e de Jesus, praticam-se as maiores barbaridades contra os setores mais pobres e indefesos da população nas diferentes denominações religiosas, como revela a mesma edição da Folha desta quarta-feira, em reportagem de Rubens Valente.

Com base num vídeo entregue por um ex-voluntário da Igreja Universal do Reino de Deus, fica-se sabendo como a holding do bispo Edir Macedo se preparou para recolher dízimos em meio à crise de 2008.

Nele aparece o bispo Romualdo Panceiro, apontado como sucessor de Edir, orientando seus colegas, em português castiço, a usar passagens bíblicas com o termo “semear” para arrancar dinheiro dos fiéis:

“Eu combinei com os regionais aqui o seguinte, malandro. No domingo, falar assim: Olha, pessoal, em nome de Jesus, você que vai agora semear em cima dessa palavra aqui, com 10 mil (reais) para cima, vem aqui na frente, coloca, muito bem. Com mil para cima, vem aqui pra frente´(…)”

Entre os templos do cardeal Bertone e os do bispo Panceiro, prefiro ficar fazendo minhas orações sem sair de casa. É mais seguro e Deus nos ouve do mesmo jeito.

Twitter

Comentários

Anônimo disse…
Materia ruim e muito mal feita,que demonstra mais a ideologia do Ricardo do que a apuração dos fatos.
Ele exige estudos quando quer ,mas diz que qualquer leigo pode transformar sua opiniao em ciencia ao falar de Igreja.
Existem estudos que dizem que o celibato não é causa de desvios sexuais,e estudos que comprovam que a prevalencia de pedofilia na Igreja catolica não é maior do que em qualquer outra instituição.
Mas estes estudos não interessam para o sr Ricardo.
Só a Igreja até agora fez um estudo independente e sério como o John-Jay.
Quando um estudo fala que 290.000 casos de abuso sexual ocorreram nas escolas publicas americanas em 10 anos,a imprensa não liga muito,pois o celibato de padre é mais noticia que o não celibato de um professor...


As tentativas de ligar o Papa aos escandalos de pedofilia falharam.
Uma tentativa foi da alema "Der Spiegel",que depois de falhar tentou culpar o cardeal Bertone.
E as duas tentativas do New york Times.
A "imprensa americana" foi a primeira a desmontar a versão do nyt e a demonstrar as forçadas de barra que este jornal fez para tentar atingir o Papa.
Quem duvida pode começar pelos arquivos do "Wall Street Journal"(primeiro a sair em defesa do Papa) e o "Washington Post".
Podem tambem ler o assunto na imprensa local dos locais onde eles ocorreram,como Millwauke.
O Papa Bento XVI não é retrogrado, é conservador,e para os catolicos ultra liberais isto é um crime que deve ser combatido a todo custo.
A guerra de informações é tambem uma guerra cultural que se arrasta no interior da Igreja há decadas,e para o desespero dos liberais ,eles já perderam.
Os liberais como o Ricardo vão preferir ficar rezando em casa mesmo.
O Ricardo esqueceu de dizer,um lapso,que as dioceses que mais tiveram problemas de pedofilia foram as dioceses comandadas pelos liberais que ele tanto admira e propõe como modelo de Igreja.
A pior delas a arquidiocese de Los Angeles,que foi comandada pelo cardeal hippie Mahony,idolo maximo da turma do Leonardo Boff.
Recordista de casos de pedofilia....
Agora o Papa acabou de designar um bispo retrogrado e conservador para limpar a casa.
A historia vai demonstrar que o Papa bento XVI foi um dos homens que mais combateu a pedofilia...

Nessa historia da linha telefonica,o Ricardo parece um amador estagiario de jornalismo.
Em plena campanha contra a Igreja que esta ocorrendo na Europa,a Igreja disponibilizou linhas telefonicas para ouvir denuncias e reclamações.
Imagine a quantidade de trotes e desabafos que estão sendo feitos.
Mas o Ricardo com ajuda do reporter da Folha(pelo jeito eles gostam do numero 15 mil),tranformou todos os numeros em vitimas confirmadas.
Anônimo disse…
A Igreja foi acusada de esconder casos e numeros,e agora que ela discute abertamente,ela é acusada de ser insensivel.
Mas para continuar seu combate ao que deu errado,ela precisa fazer o diagnostico correto de tudo,doa a quem doer.
Os casos de desvios sexuais de padres da Igreja:

30% são de relações heterossexuais consentidas com mulheres adultas.
E é tratado como questão de disciplina interna.

10% Pedofilia,adultos que abusaram de crianças

Mais de 60%,efebofilia,um homossexual adulto abusa de um adolescente do mesmo sexo.

Em outras palavras,a Igreja esta dizendo com todas as letras,e não é pouca coisa,que seu proplema interno mais prevalente é o homossexualismo de alguns padres.
Isto não se resolve com o fim do celibato,mas com uma seleção rigorosa ,e um melhor controle dos candidatos a padre,exatamente o que o Papa tem feito.
Nenhuma surpresa que a maior parte dos casos sejam de decadas atras.
Os liberais querem computar tudo como pedofilia,e propõe a solução magica de acabar com o celibato para resolver tudo.
Se a igreja fizer isto,daqui a alguns anos ela vai ter de encarar outro escandalo,de novo.
Ela não vai fazer isto...

Entre os abusadores,existem os pedofilos,doentes,que precisam ser afastados do convivio social com crianças,e que necessitam dos recursos medicos hoje existentes.
Mas a maior parte dos abusos na Igreja,foi cometida não por doentes,mas por pessoas sem vergonha ou carater,que se utilizaram de uma vocação digna para realizar crimes.
Esse tipo de abusador merece um chute no traseiro e uma conversa com o delegado...
Anônimo disse…
Os estudos cientificos sobre abuso sexual começaram no inicio da decada de 70.
Entre 78 e 79 chegaram a conclusões sobre a gravidade e consequencias.
A ciencia precisou de uma decada para confirmar o que é consenso para todos hoje.
Entre 78 e o inicio dos anos 90,a comunidade cientifica acreditava que estes casos eram de facil solução com psicologia e psiquiatria.
No inicio dos anos 90 descobriram como é dificil tratar o abusador.
Quase nenhum pai,professor ou padre pedofilo era preso por estes crimes,iam para o psicologo.
Hoje já não é assim.
Os casos da Igreja ,quase a totalidade são de 20 a 30 anos atras,quando a ciencia ainda não tinha boas respostas.
Mas a Igreja é julgada hoje,com os atuais padrões.
Mas seu erro real foi outro,a dificuldade de proteger as crianças abusadas neste periodo...
Anônimo disse…
No inicio dos anos 90 com a repercussão destes estudos,surgiram nos EUA empresas e consultorias dispostas a ajudar na solução deste tipo de problema.
A Igreja não foi voluntarista,buscou ajuda profissional.
Em 1992 sairam as cinco medidas:Responder a toda alegação de abuso,afastar acusado de suas funções e encaminha-lo para avaliação e intervenção medica,colaboração com autoridades competetentes no cumprimento de leis civis locais,auxilio a vitimas e familias,reconhecimento do problema na comunidade local.
As medidas americanas serviram posteriormente para a carta de proteção a criança e do adolescente de 2005.
O Ratzinger centralizou as denuncias na congregação para a doutrina da fé,para evitar erros de bispos locais,como os que aconteceram em Boston.
A Igreja buscou um instituto criminal independente e renomado para fazer a avaliação em numeros do problema,saiu o John-Jay report.
A partir dai a Igreja foi massacrada.
Setores da imprensa venderam a ideia de que a Igreja não fez nada e de que eles "descobriram" tudo.
Quem fez o que é certo foi punido,quem não fez nada foi premiado...
Hoje as consultorias ensinam a fazer tudo o que a Igreja fez,menos o report,com medo de implicações legais.
O resultado ruim é que o problema sera tratado pelo resto da sociedade no achismo,sem numeros confiaveis...

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu