Coluna da Segunda-feira

O mapa da violência 2010

Rui Grilo
Dia 30/03, o Instituto Sangari divulgou o último mapa da violência trazendo alguns dados interessantes.

Embora na última década os índices totais tenham se mantido relativamente estáveis pois em 1997, a taxa foi de 25,4 homicídios por 100 mil habitantes em todo o País e , 25,2 por 100 mil habitantes em 2007, o dado novo é que houve uma redução de 25% nas regiões metropolitanas e um aumento de 37,1% no interior. Enquanto São Paulo passou do 5º para o 25º lugar, Alagoas passou do 14º para o 1º lugar. O Rio de Janeiro que estava em 1º foi deslocado para o 4º lugar.

A violência se deslocou para municípios em rápido processo de desenvolvimento, mas que não possuem esquemas eficientes de segurança; para municípios litorâneos onde há um turismo predatório e sem planejamento e para regiões de fronteira com florestas, nas quais há a grilagem e conflitos com posseiros e pequenos proprietários.

Coincidentemente, a grande redução de homicídios nas zonas metropolitanas e capitais se dá a partir do Estatuto e da Campanha do Desarmamento e à implantação de políticas públicas articuladas entre as várias esferas de governo – federal, estadual e municipal.

Segundo o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, autor da pesquisa, ainda não pode ser verificado o impacto do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania – PRONASCI – cujo público-alvo são os profissionais de segurança pública e jovens de 15 a 24 anos à beira da criminalidade, que se encontram ou já estiveram em conflito com a lei; presos ou egressos do sistema prisional; e ainda os reservistas, passíveis de serem atraídos pelo crime organizado em função do aprendizado em manejo de armas adquirido durante o serviço militar.

Como a pesquisa constatou, os adolescentes são as vítimas e, ao mesmo tempo, instrumentos dessa violência, daí o impacto que esse programa deverá ter. Esse dado chama a atenção sobre a necessidade da prioridade para pesquisas e políticas públicas voltadas para adolescentes do sexo masculino.

Também constatou que mais de 90% das vítimas são masculinas e para cada branco há dois negros o que nos leva a pensar sobre as causas dessa disparidade. Qual seria a razão para esse fato?

Quais são as propostas de políticas públicas para a juventude, especialmente no que se refere à autoafirmação cultural, étnica e de gênero?

O Litoral Norte vem sofrendo o impacto dessa escalada de violência e não se vê uma mobilização à altura para entender e enfrentar o problema.

Até quando?

Rui Grilo
ragrilo@terra.com.br

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