Ubatuba em Revista



Urubuzando como um rei

Carlos Rizzo
Tem muita gente que ainda acha injusto o nome que ele tem. Seria mais que um simples urubu sendo errado confundi-lo com os urubus comuns tão mal visto pelo povaréu.

Mesmo assim é um urubu, porém é rei.Sarcoramphus papa, mesmo no nome científico mantém a pompa Sarco= carne, ramphus= bico, fazendo referencia a carne que adorna o seu bico e, papa é de Papa como autoridade máxima.

Há tempos queria registra-lo em Ubatuba e nesta semana recebi estas fotos do Geraldo feitas na praia do Lázaro. Felicidade pura.

Diz-se popularmente que ele é o urubu-rei porque é o primeiro a chegar para o banquete e que, enquanto ele não retira as partes que lhe apraz, os outros (urubus comuns) não ousam baixar vôo.

A verdade é que o urubu-rei tem o olfato muito mais apurado que os outros urubus localizando com muita antecedência o alimento e com isso chegando bem antes que todos. Mesmo assim ele pousa perto do alimento sem avançar. Espera e analisa o ambiente antes de se alimentar pois come feito um rei.

O bico do urubu-rei é muito mais forte que o bico dos urubus-comuns, ele consegue rasgar o couro de um boi ou de um cavalo, coisa que os outros urubus não conseguem e por isso não se incomodam com o banquete inicial do rei. Quando ele se vai deixa muita comida exposta e fácil de alcançar.

O urubu-rei nasce branco igual ao comum e adquire uma plumagem totalmente preta que mantém até a maturidade sexual (aos três anos) e se agrupa aos urubus-comuns tornando difícil sua diferenciação. Quando jovem vive a planar misturado com os urubus-comuns. Para identificar nesta fase é importante notar a diferença de tamanho, já maior que os urubus comuns, e seus pés que não ultrapassam o tamanho da cauda. Quando adquire a plumagem e o tamanho adulto torna-se inconfundível. Muito maior no tamanho e muito mais colorido é impossível não identifica-lo durante o vôo e muito mais fácil se estiver pousado.

É bom lembrar que em Ubatuba temos quatro diferentes espécies de urubus, o comum, o de cabeça vermelha, o de cabeça amarela e este que é o rei.

O urubu-rei ocorre em todo o Brasil, é muito mais comum (ou mais fácil de se ver) no norte, nordeste e centro-oeste. Na Mata Atlântica é mais complicado, por isso o registro do Geraldo é digno de nota e agradecimento pela oportunidade e conquista.

Valeu! E como!

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Nota do editor - Durante muitos anos, não sei os melhores da minha vida, mas que me trazem muitas saudades, voei ao lado de urubus. São aves maravilhosas, dos seres que habitam esta bola errante e sem sentido certamente estão no rol dos que desfrutam das melhores existências. Resistentes, quase não adoecem, são respeitados, ninguém mexe com eles, vivem muito e amam com intensidade, formando parcerias duradouras. E voam com incrivel maestria. Alguém poderia argumentar sobre o cardápio. Eu até concordo que não é atraente, mas também não me atrai fígado hipertrofiado de ganso que os gourmets consideram iguaria. Existe outro lado, de consideração moral, urubus não são predadores, não carregam o carma de causar dor e sofrimento para se alimentar. Se existir outra vida e eu puder escolher quero voltar urubu e fazer aquilo que mais prazer me deu nesta vida: voar. (Sidney Borges)

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Comentários

Anônimo disse…
Caro Rizzo,

Existem mais urubus em Ubatuba do que os que voam. As espécies terrestres são predadoras. E daninhas. E vetores patológicos. Tudo o que fazem é consumir recursos que não lhes pertencem. E contaminam!

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