Pensata

Casas ou escombros à espera do desastre?

Clóvis Rossi na Folha Online
Está sendo perto de apocalíptico o início de ano: do terremoto no Haiti ao terremoto/tsunami no Chile, passando pelas chuvas mais intensas em São Paulo em 70 anos, pelas tormentas do fim de semana nas costas da França e da Espanha, pelo rigor do inverno nos Estados Unidos e em alguns países europeus, sem esquecer de São Luiz do Paraitinga.


Tudo culpa da mudança climática? Não, claro. Ninguém diz que terremotos, por exemplo, são provocados pelo aquecimento global. Nem mesmo pela ação do homem, ao menos até onde tenha lido.

Mas a ação do homem (e a inação dos governos) é, sem dúvida, culpada pelo que acontece depois de terremotos/maremotos/tormentas fortes.

A conclusão não é minha, mas do presidente francês Nicolas Sarkozy. Ao visitar a cidade de La Rochelle, a mais afetada pela tempestade batizada de Xynthia, Sarkozy fez uma pergunta que qualquer mortal comum também faria: "Como na França, em pleno século 21, houve famílias surpreendidas em pleno sono e que podem morrer afogadas em suas casas?".

Como? Ele próprio respondeu: "Não se pode transigir com a segurança e, por isso, devemos refletir sobre os planos urbanísticos para que esta catástrofe não se repita". Referia-se, como é óbvio, à urbanização selvagem, que leva a construir casas perto demais da água e à insuficiência de diques quando o mar ruge forte demais.

Sarkozy não está sozinho na sua inquietação. O jornal "The New York Times", em texto de anteontem sobre a urbanização, ouviu Roger Bilham, sismólogo da Universidade do Colorado, que passou décadas estudando grandes terremotos mundo afora, incluindo o do Haiti. Bilham diz que a crescente população que se urbaniza no planeta, projetada para avançar em 2 bilhões de pessoas até meados do século e a exigir 1 bilhão de habitações, enfrentará uma "não reconhecida arma de destruição maciça: casas".
Leia mais

Twitter

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu