Papo do Editor

Sensações

Sidney Borges
Eu gostava de ir ao estádio do Pacaembú com meu avô. Ele de terno e chapéu, eu com a roupa de domingo e glostora nos cabelos. Naquele tempo muitos. Hoje quando penteio os 20 fios que restam de cada lado parece que estou penteando a cabeleira de Sansão. Ficou na lembrança a sensação.

Sair do estádio ao entardecer e caminhar pelas ruas de Higienópolis para pegar o ônibus na avenida Angélica me traz imensas saudades. Como eram bonitas aquelas ruas, calmas, arborizadas, silenciosas. E como era agradável o clima paulistano daquelas tardes mágicas e azuis dos sábados de futebol.

Esse estado de espírito que eu sentia e tinha consciência de que iria recordar com saudades repete-se agora nas caminhadas vespertinas com meu cão. Um dia vou me lembrar das goiabas que apanho na mata e da felicidade que os olhos dele expressam quando digo a palavra mágica: passear.

São momentos de exaltação que permanecem gravados no espírito, que para mim é uma forma de expressão, não sei se existem espíritos, desconfio que não. Se houver outra vida levaremos esses lampejos de consciência plena na algibeira.

Viver intensamente cada instante. É o que dá sentido à jornada terrestre. Pena que isso só seja entendido quando o porto de chegada começa a ser vislumbrado no horizonte.

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