Deu na Folha

Jornalista colecionador de documentos sonoros quer doar ou digitalizar acervo

O jornalista Luiz Ernesto Kawall manuseia parte do acervo de áudio que mantém em casa

João Batista Natali
O jornalista Luiz Ernesto Kawall, 82, é um colecionador de vozes. Tem em casa 4.000 documentos sonoros -Rui Barbosa, Freud, Monteiro Lobato, Juscelino Kubitschek, Federico Fellini, Édith Piaf, o marechal Rondon- e procura uma instituição que aceite a doação do acervo ou possa digitalizá-lo e disponibilizá-lo na internet.A “Vozoteca LEK” (iniciais de seu nome) possui, entre outras raridades, 74 gravações de gols históricos cedidas ao Museu do Futebol.

Entre os documentos, há a narração, pelo locutor Geraldo José de Almeida, de um gol de bicicleta feito pelo são-paulino Leônidas, em 1942, contra o Palmeiras. Em uma entrevista em que fala sobre música mineira, o ex-presidente JK diz que uma serenata em Diamantina (MG) “é mais bonita que um passeio de gôndola em Veneza”.

Rui Barbosa, afirma Kawall, tinha a voz rouca, fanhosa e um sotaque aportuguesado. Há um discurso da campanha presidencial de 1913, em que elogia as mulheres.

De Monteiro Lobato há declarações feitas durante o Estado Novo. Ele se diz favorável à exploração do petróleo pelos brasileiros, e não por empresas internacionais. Um último exemplo: o cantor Francisco Alves fez um concerto ao ar livre no bairro paulistano do Brás, em setembro de 1952. Referiu-se com carinho às “crianças do Brasil, às nossas criancinhas”.

Ao voltar para o Rio, horas depois, sofreu o acidente de carro que o matou. Kawall começou a trabalhar na “Tribuna da Imprensa”, jornal de Carlos Lacerda, na “Gazeta” e na Folha -onde tinha uma coluna dominical sobre artes plásticas- e assessorou dezenas de empresários, artistas e políticos.
Sua obsessão em colecionar vozes surgiu há 40 anos, mas o jornalista tem poucas entrevistas feitas por ele mesmo. Boa parte dos documentos foi comprada, doada ou copiada de outras fontes.


A digitalização dependeria de acordo de direitos autorais. Por enquanto, há três instituições que já se mostraram interessadas pela vozoteca: o Centro Cultural São Paulo, o Instituto Moreira Salles e o governo de Minas Gerais.

Folha Online
Ouça comentários e trechos do acervo
www.folha.com.br/1006314

Nota do Editor - Luiz Ernesto Kawall é quase cidadão ubatubense, não sei se recebeu o título tão banalizado ultimamente, mas isso é detalhe. Quem é não precisa apregoar. O jornalista é amigo do Blog e conhece como ninguém o período em que o prefeito Cicillo Matarazzo governou e trouxe luz à escuridão que reinava e que, 40 anos depois, insidiosamente retorna. Quem sabe um dia tenhamos outro ser esclarecido a gerir esta belíssima região. Haverá então a "Renascença Caiçara." Quem viver verá. Não existe ninguém com esse perfil nos possíveis sucessores de Eduardo Cesar. É um pior do que o outro. Mediocridade total. (Sidney Borges)

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