Ubatuba

Coragem, João Paulo!

Alexandre Vilensky
Prezado João Paulo, Da mesma forma que a sua transferência para outra secretaria, a decisão de inaugurar a ponte da Ressaca antes mesmo de concluída, não o desobriga de esclarecer fatos e atos e omissões ocorridas na execução da obra sob sua responsabilidade como secretário municipal de obras.

Como é de seu conhecimento, enviei uma "segunda carta aberta" (em anexo, para refrescar sua memória) contendo alguns aspectos que não ficaram claros em sua resposta anterior, porém até o momento, inexplicavelmente sem resposta.

Aproveite essa chance de prestar espontaneamente os esclarecimentos que todos esperamos. Forneça os dados que permitirão aos eleitores avaliar o que de bom ou ruim está sendo feito na administração municipal, é nosso direito saber! Se infelizmente sua passagem pela secretária de obras ficou longe do desejável...

Se foram cometidos erros básicos, que até os leigos percebem...

Se houve desperdício absurdo de recursos por mau planejamento e acompanhamento pela prefeitura...

Se nem tudo que foi dito é exatamente a verdade...

Que pelo menos fique a marca da coragem nessa sua passagem pela vida pública. Assuma as suas responsabilidades e responda às questões encaminhadas. Recupere ao menos o direito de olhar sem constrangimentos para seus vizinhos, seus colegas de profissão, seus colegas de secretariado, os eleitores. Muito pior do que errar é se omitir e deixar de assumir as conseqüências dos erros.

Coragem João Paulo!

É o mínimo que se espera de alguém que entra na vida pública!

Respeitosamente,

Alexandre Vilensky
xannyl@hotmail.com

Twitter

Em anexo:
Carta aberta ao Secretário de Obras, Engº João Paulo Rolim II.

Inicialmente agradeço e reconheço a brevidade no envio dos esclarecimentos solicitados em minha correspondência anterior, demonstrando seu empenho em esclarecer os cidadãos, como é de se esperar de quem ocupa cargos públicos. Infelizmente, o mesmo empenho não pode ser notado por parte de nosso sorridente prefeito, nem do nosso combativo e operante ouvidor (escutador) municipal, cujos esclarecimentos continuo aguardando.

Possivelmente pela sua preocupação em responder rapidamente, bem como por algumas perguntas talvez não terem sido formuladas de forma clara, restam ainda dúvidas. Permita-me, portanto, novos questionamentos.

São apenas 14 questões, todas perguntas objetivas, que não envolvem sigilo, todas pertinentes ao tema e mais uma vez numeradas para que nenhuma delas fique sem resposta.

Sobre a alteração do posicionamento da ponte em relação ao leito do rio.

1. Qual foi a empresa que realizou o tal “Standart Penetration Test” e não previu as tais rochas e qual seu endereço eletrônico para contatos?

2. Quando o Sr. afirma ter sido sua a palavra final sobre a alteração, significa que o Sr. pessoalmente assume a responsabilidade, em qualquer instância, por eventuais prejuízos advindos dessa decisão?

3. Qual seria a angulação ideal, fruto de estudos técnicos e constante do projeto original, e qual é a angulação adotada?

Segundo suas informações, a alteração foi aprovada pelo autor do projeto. Pela importância da alteração (que não só afeta o conforto e a segurança dos usuários, podendo eventualmente até inviabilizar a passagem de veículos maiores) acredito que a anuência do autor foi formalizada em documento, não foi apenas uma concordância “de boca”. Sobretudo tratando-se de obra pública, em que o agente municipal representa não a si próprio, mas todos os cidadãos, estou certo da existência deste documento.

4. Gostaria de ter acesso a este documento, como faço?

Sobre o ritmo da obra e sua paralisação.

O Sr. afirma que a retirada da construtora da obra atendeu a pedidos de moradores, obviamente uma inverdade. Em nenhum momento, nenhum morador solicitou isso, seria absurdo! O que foi de fato solicitada foi a retirada da “favela” que a prefeitura permitiu que se instalasse na entrada do nosso bairro, apenas isso.

5. Porque de fato a construtora abandonou a obra?


6. Quando o Sr. afirma terem sido gastos 88,20% do valor total da obra, refere-se apenas à verba estadual ou inclui a parte que cabe à prefeitura?

7. E quando afirma que foram realizados 98,56% da obra, inclui as obras de responsabilidade municipal ou só as que dependem de verbas externas ao município?

8. Qual a justificativa do governo estadual para tamanho atraso no envio das verbas? Que providência a prefeitura está tomando para resolver o problema? Qual órgão do governo estadual é responsável pela liberação?


Sobre as obras complementares de responsabilidade da prefeitura.

O Sr. alega dificuldades em adquirir insumos para justificar o ritmo inaceitavelmente lento das obras complementares.

9. Qual seria exatamente a dificuldade? A cidade estaria com desabastecimento de cimento, blocos?

Outra alegação é “o longo período de chuvas”. Ora secretário, tivemos sim períodos de chuva, e períodos de sol também, e tivemos invernos (dois) e estamos entrando no segundo verão e a obra de duração prevista para seis meses ainda está longe de terminar. Felizmente, a natureza segue seu próprio ritmo, e não o ritmo da prefeitura! Não há porque se falar em períodos de chuva.

10. Qual o real motivo de tanta lentidão?

Reafirmo que a construção do muro de arrimo segue a um ritmo de um bloco assentado por homem/dia trabalhado, sem duvida o muro mais caro da historia de Ubatuba!

11. Se fosse uma obra em sua residência, paga com seus próprios recursos, o Sr. aceitaria isso? Seja sincero secretário, o Sr. aceitaria ver seu próprio dinheiro sendo jogado fora? Porque então aceita que se faça isso com o NOSSO?!
.3.
Na apresentação feita no bairro pelo autor do projeto, na qual o Sr. esteve representando o prefeito, foi ressaltado que fazia parte do mesmo, logo no seu início, a colocação de “gabiões” nas margens do rio, sem as quais haveria novos desmoronamentos, como o que ocorreu semana passada, a poucos metros do muro de arrimo em construção.

12. Porque isso não foi feito logo no início? Quando será feito?

Sobre a retirada das cabeceiras ruídas.

Outro aspecto que merece um esclarecimento maior, é sua alegação de que a retirada das cabeceiras ruídas não foi feita por não ter sido destinada verba estadual para esse fim. Sendo assim, não resta dúvida de que a prefeitura é então responsável pela retirada. Deveria portanto, ter sido prevista a verba necessária, isso se chama planejamento!

Dizer agora, que não realizou o serviço por não haver verba “estadual” para esse fim, é no mínimo desrespeito à inteligência de todos os cidadãos de Ubatuba. E se a prefeitura não tem recursos para fazer sua parte na obra, a mesma não deveria nem ter sido iniciada. Obra parada é desperdício de recursos públicos, sejam eles municipais ou estaduais, saem do nosso imposto!

Volto a questionar se sua intenção é simplesmente fragmentar aquele monte de entulhos e “esconde-los” sob a nova ponte, mergulhados no rio. Não é necessário ser engenheiro para perceber que seria a pior solução, sem duvida inaceitável! Reafirmo que seria mais barato e significativo transformar a cabeceira, exatamente como está, em um monumento e colocar nela uma placa grande o suficiente para que se possa perpetuar os nomes de todos os envolvidos neste absurdo (prefeito, secretário, ouvidor, engenheiros, técnicos, etc) e fazer uma grande festa de inauguração (político adora uma inauguraçãozinha!). Seria um símbolo da incompetência e do descaso dessa administração com o povo, com os recursos públicos, com o respeito que se espera dos governantes.

13. Quando serão finalmente retirados do leito do rio os entulhos da ponte ruída? E não há outra solução aceitável, senão a efetiva retirada!


Sobre a liberação ao tráfego antes da conclusão das obras.

O Sr. afirma ter autorizado o transito pela ponte em obras como forma de aumentar a segurança de pedestres e ciclistas. Na realidade, essa liberação pressupõe a aceitação por parte da prefeitura do risco existente de acidentes, inclusive pelas aberturas nas laterais, por onde passaria facilmente uma criança ou mesmo um adulto. Mas a liberação de automóveis teria qual objetivo, senão “botar água na fervura” e dar algum sinal de melhoria, acalmando assim toda a população do bairro, revoltada com os atos e omissões da atual administração?

14. Por que liberar o tráfego de automóveis antes da conclusão das obras?

Informo ainda, que além de publicar no blog, estou encaminhando aos departamentos que direta ou indiretamente considero envolvidos no caso (Gabinete do Prefeito, Assuntos Comunitários, Assessoria Jurídica, Ouvidoria, e outros) para que seja do conhecimento de todos, assim como foi feito na carta anterior.

Certo do seu pronto atendimento,

Respeitosamente,

Alexandre Vilensky
xannyl@itelefonica.com.br

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