Ubatuba

Viver é dizer adeus

Sidney Borges
Meu amigo Edu, da Tecnáutica, liga dando a notícia triste: o Mike morreu.

Debruçou-se sobre o carrinho de compras no mercadinho do shopping Itaguá.

Enquanto as meninas que o socorreram providenciavam atendimento deu um suspiro profundo. O derradeiro.

Edu é proprietário da casa onde Mike morava. Foi chamado. Encontrou o computador ligado e a cachorrinha esperando pelo dono que voltaria logo.

Está abrigada na vizinha e certamente permanecerá atenta aos movimentos da porta. Depois esquecerá. A vida é plena de despedidas e esquecimentos.

Mike veio para Ubatuba na década de 1970 e trouxe consigo a arte paulistana da pizza. Quem freqüentava estas plagas naquele tempo sabe o significado do "Perequim", do Perequê-Mirim, na culinária local. Parada obrigatória na sexta-feira, na chegada e no domingo, antes da volta. A viagem durava pouco mais de três horas, raramente havia congestionamentos.

A pizzaria estava sempre lotada, com fila na porta. Valia a pena esperar, a pizza era comparável ao que havia de melhor na paulicéia e o garçon Thomas era gentil e simpático.

Eu conhecia o Mike de vista de São Paulo, era amigo do meu grande amigo Rubão, que também partiu cedo, aos 62 anos. Os dois tinham em comum a paixão pelo jogo. Jogavam na Santa Casa, na Poli, na porta do Paulistano (crepe) e onde mais houvesse jogo.

Jogadores eram tipos agradáveis, não polemizavam à toa, vestiam-se bem, eram educados e completamente centrados no jogo, só pensavam "naquilo".

Mas também eram bons relações públicas e trabalhadores, tanto Mike, como Rubão ou Oscar Andrade tiveram fases de sucesso profissional. Ganharam muito dinheiro e gastaram a rodo com imenso prazer.

Fico triste com a morte do Mike, 62 anos é cedo para partir. Boa viagem Mike, um dia a gente se encontra em algum lugar e você comenta este texto... Sucesso!

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