Em foco

Ubatuba e a República

Engº Guaracy Fontes Monteiro Filho
Em 1982 , quando a ditadura militar brasileira agonizava, assisti um embate político inesquecível. Como delegado estadual do PMDB, participei da convenção que elegeu o então senador Franco Montoro, candidato a Governador de São Paulo. O PMDB na época, era formado por grandes caciques políticos e estava pronto para eleger o primeiro governador por eleições diretas pós-ditadura e tirar São Paulo das mãos do Malufismo.

Orestes Quércia, ex-prefeito de Campinas, se tornará um líder regional, tendo como principal base, prefeitos aliados da região de sua Cidade, bem como da região Bragantina, por adesão do então Deputado arenista dissidente Nabi Abi Chedid e do MR8, por intermédio de seu líder estadual, Claudio Campos. O candidato a Governador estava definido, seria Franco Montoro, um dos baluartes da resistência política contra a ditadura.

O grande problema estava na escolha do vice, quem seria o vice? Ficou decidido em reunião do diretório regional, que o candidato a vice governador, seria o deputado Mario Covas, o mais simpático ao grupo de Franco Montoro e Ulisses Guimarães. Porém, esqueceram de combinar com Quércia. A convenção começou e logo parou, pressão e conchavos impuseram uma nova reunião extraordinária. Os grupos ligados a Quércia, exigiam para ele o cargo de vice de Montoro.

Temendo a cisão, logo na primeira eleição democrática depois de anos, as articulações afloraram e propuseram a Mario Covas, a indicação para ser o futuro prefeito da cidade de São Paulo, pois na época, os prefeitos das capitais eram indicados pelos Governadores.

Sem opção, encurralado, Mario Covas topou, Quércia foi indicado, Montoro ganhou a eleição e Quércia mesmo boicotado pelo grupo, anos mais tarde, tornou-se governador de São Paulo. Pois bem, conto está história, para que os grupos políticos de Ubatuba, possam refletir sobre o destino de nossa cidade. Ficamos a margem dos recursos do pré-sal, algo terrível, que por certo refletirá no nosso futuro, pois iremos com certeza receber o ônus de um crescimento desordenado.

Temos que unir esforços em prol de cidade, precisamos ser mais do que nunca republicanos, sei que o embate eleitoral virá, mas hoje necessitamos ser prudentes, pois o eleitorado é vigilante e sábio. Particularmente fiquei muito contente com a ida do Sr. Rafael Ricardi Irineu, assessor de planejamento da Prefeitura de Ubatuba, quando da inauguração do 22 escritório regional do PTB , vi ali um gesto altruísta, de apoio à sua terra, mesmo em campo adversário.

É natural grupos políticos digladiarem-se democraticamente durante o período eleitoral, divergirem em idéias durante a gestão dos adversários, mas nunca, em hipótese alguma, neutralizar a cidade e seus munícipes. Ubatuba hoje precisa de todos, sem revanchismo e perseguições infantis, alem, é claro, de uma administração competente e uma oposição responsável.

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