Internacional

Honduras!

Do Ex-Blog do Cesar Maia
1. Hoje é véspera da posse do novo presidente de Honduras, Pepe Lobo. Nesses sete meses, o chavismo recebeu o primeiro contragolpe de resistência democrática. Frustrou-se a tentativa de atropelar a constituição hondurenha e impor a reeleição de um presidente que havia perdido o controle de si mesmo, na medida em que se submetia a sua ministra de relações exteriores, Patricia Rodas, ideologicamente e pessoalmente. A ordem de prender o presidente golpista foi transformada por um general em exílio. Por quê?

2. Honduras, em toda a sua história, desde a União Centro-Americana de 1822, passando por sua autonomia em 1838, sempre viveu um quadro de instabilidade política até os anos 1980. Mas diferente dos demais países centro-americanos (Nicarágua, Guatemala e El Salvador), esta instabilidade e os golpes se davam internamente às elites e sem guerra civil, sem derramamento de sangue. As guerrilhas dos anos 70/80 naqueles países não se repetiram em Honduras.

3. Zelaya e Chávez levaram Honduras à Alba em praça pública, em Tegucigalpa, em 2008. As pesquisas indicavam que Zelaya contava com um apoio relativo de opinião pública nos segmentos mais populares movidos a golpes de demagogia. Quando Zelaya, orientado por Chávez, provocou o confronto, não contava que os números das pesquisas não iriam se transformar em mobilização popular. Interessante é que alguns generais e líderes políticos e empresariais acreditavam que Zelaya produziria aquela mobilização.

4. Chávez enviou muito dinheiro paralelo, militantes profissionais e armas. O presidente da Câmara de Deputados, Micheletti, pagou para ver e nada ou quase nada ocorreu, mantendo a tradição pacifista do hondurenho. Até a comunidade internacional (OEA, EUA, UE) acreditava na capacidade de confronto dos zelayistas-chavistas. Erraram. A resistência democrática num pequeno país contra todo esse envolvimento internacional foi exemplar.

5. Chegou-se às eleições gerais de Presidente, deputados, prefeitos e vereadores, de forma tranquila e com uma participação bem maior que na eleição anterior, desmistificando a proposta de não comparecimento às urnas, com eleições claras e limpas. O resultado é que Honduras ganhou um destaque por sua firmeza e se destacou de seus pares centro-americanos, onde a instabilidade e a insegurança jurídica projetam incertezas. Com isso, a atratividade econômica de Honduras -paradoxalmente- cresceu e passou a ser um espaço importante para os investimentos internacionais. A aposta em Honduras é ganho certo daqui para frente.

6. Pepe Lobo tem tido a humildade, como vencedor incontestável, de chamar a todos para a participação num governo de conciliação. Assume com esta presença e liderança. Honduras e a democracia latino-americana venceram e derrotaram o chavismo.

7. E Lula expôs a diplomacia brasileira a seu maior vexame -quem sabe único vexame- em nossa história de país independente.

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