Editorial

Rafales e Conexos

Sidney Borges
Quando a ditadura argentina, moribunda, resolveu se apoderar das Ilhas Falklands tinha no arsenal aproximadamente 110 aviões, dentre eles alguns Dassault-Breguet Super Étendard equipados com mísseis Exocet.

Foram encomendados 14, só chegaram 5. Foi esse conjunto que afundou o destroier Sheffield, orgulho da frota britânica, o navio mais moderno da guerra. No mesmo ataque outro Exocet quase pôs a pique o porta aviões HMS Hermes. Historiadores acreditam que o míssil atingiu o alvo e não explodiu.

Não há confirmação, mas depois dessa batalha o Hermes teve pouca ação na guerra, não se sabe se para proteger a vida do Príncipe-piloto que nele servia ou se por conta dos danos causados pelo míssil.

Dá pra imaginar que se a Argentina tivesse 50 ou 60 mísseis o resultado da guerra poderia ter sido outro. Tinha 5. Sorte de Margaret Thatcher.

O Brasil fecha questão em torno dos caças Rafale. É uma opção política. Na guerra moderna não interessa a plataforma. A eletrônica embarcada e os mísseis formam o diferencial.

Não há mais combates no estilo "dog fight" da batalha da Inglaterra, os enfrentamentos acontecem à distância. Vence quem encontrar o inimigo primeiro. O avião, volto a afirmar, é apenas uma plataforma.

Ontem publiquei uma matéria do The New York Times sobre o Irã. A foto que ilustra o texto mostra um trecho de montanhas e dá idéia da invulnerabilidade das instalações nucleares do país dos aiatolás.

Israel ameaça. Vai continuar ameaçando, pouco poderá fazer além disso. Um ataque convencional, como o que destruiu o reator iraquiano de Osirak, em 1981, não vai surtir efeito. Além do que, convém lembrar que o Irã não tem apenas uma, mas diversas instalações construídas dentro da rocha, protegidas, difíceis de localizar.

Está fora de cogitação o uso de artefatos nucleares, portanto, em breve, vamos saudar mais um membro do seleto clube dos senhores da morte.

Depois da deposição de Mossadegh os iranianos tiveram de engolir "Xá" sem açúcar por imposição anglo-americana. Nasceu o ódio irreversível que segundo um aiatolá falastrão não será aplacado em um milhão de anos.

O Irã corre atrás de armas letais, desenvolve mísseis de longo alcance e bombas atômicas. Tem lá suas razões, não é bom confiar em ingleses e americanos, pelo menos nos anos da década de 1950, no Oriente Médio, não era.

Mas também não é bom confiar em fanáticos religiosos.

O que vai acontecer a partir do Irã nuclear eu não sei. Mas conhecendo o elenco da peça, temo pelo pior. Certamente não vai acabar em pizza, o que lamento.

Sou apreciador das redondas.

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Comentários

sidney borges disse…
O leitor Walter, que não quis comentar no Blog, ligou para avisar que escrevi que "foram encomendado 14". Obrigado amigo, de vez em quando acontece. Coincidência, ontem assisti o eletrizante "3 Múmia", filmaço sobre a invasão do McDonald's.

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