Chuva

Escala reduzida

Sidney Borges
No saguão movimento incessante, expressões sérias, crise no ar. O som do alto-falante quebrou a concentração: o chefe da defesa civil deve apresentar-se na sala da direção. Uma porta foi aberta e três indivíduos entraram.

O diretor, ocupado em meio a pilhas de relatórios, foi direto:

- O que temos? Quero detalhes.

Enquanto o diretor falava o chefe da defesa civil abriu uma pasta e entregou o conteúdo.

- Faça um relatório verbal, estou ocupado, lerei mais tarde.

- Tivemos baixas. Muitas. Os corpos foram removidos, os feridos hospitalizados. Também perdemos parte das habitações. Há uma equipe de engenheiros analisando se convém reconstruir. O que mais incomoda é a posição geográfica, estamos perto do nível zero, ameaçados por todos os lados.

- O que causou a tragédia?

- As chuvas, muitas árvores não resistiram. Além do peso das águas tivemos ventos.

- E quanto aos inimigos?

- Ontem tivemos uma tentativa de invasão. Soldados repeliram o agressor. Parecia um urso.

- Minha opinião é pela mudança, precisamos reconstruir a comunidade.

O diretor geral ouviu e pelo interfone deu o recado: secretária, avise a todos que entra em prática o plano M. Vamos embora.

Anteontem passeei com meu cão, Brasil, como faço todos os dias. As chuvas recentes alteraram a região. Ele examinou as novidades, Brasil é meticuloso. E conservador, quando nota mudanças fareja o que há e olha para mim com ar interrogativo.

Quando tenho tempo explico, ele entende, tem QI alto.

No busca aqui, procura alí, parou em frente a uma árvore caída e enfiou o nariz em uma colônia de abelhas jataí. Nervosas elas avançaram, a alternativa foi fugir. E comemorar, poderia ter sido pior. Jataís não têm ferrão.

Ontem voltamos ao local. Não tinha mais abelhas. Mel de jataí é uma delícia.

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