Opinião

Em Copenhague,na undécima hora

Washington Novaes
Embora o tom do noticiário tenha ficado mais otimista - ou menos pessimista - nas últimas duas semanas, chega-se às vésperas da abertura da reunião da Convenção do Clima, em Copenhague, marcada para a próxima segunda-feira, em meio a incertezas ainda muito acentuadas. Não há nenhum acordo geral sobre metas de redução de emissões de gases poluentes da atmosfera; não há definição para um indispensável tratado entre as mais de 190 nações signatárias da convenção, que torne obrigatório o compromisso de redução em cada uma; não há acordo entre países industrializados, países emergentes e o G-77 sobre esses compromissos; não há definição sobre quanto os países ricos destinarão aos outros, para que se adaptem às mudanças climáticas já em curso, nem sobre que tecnologias transferirão para isso aos países mais pobres. E não há definição sobre os rumos do Protocolo de Kyoto e do mercado mundial de carbono, que dele depende.


Ainda assim, nos últimos dias o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que "um acordo está ao alcance" (Reuters, 29/11). E Yvo de Boer, secretário-geral da convenção, afirmou que "virão resultados concretos", porque, a seu ver, agora "é tudo ou nada", ricos e pobres terão de reduzir as emissões. Mas com nuances entre uns e outros, já que a Índia, por exemplo, terá de aumentar suas emissões, para levar energia a 400 milhões de pessoas que dela não dispõem (Deutsche Welle, 30/11).

Nem sempre é simples entender o que acontece. Ora se noticia que EUA e China chegaram a um acordo para reduzir emissões, ora se noticia que os emergentes (China, Índia, Brasil, África do Sul), reunidos em Pequim, criaram frente para "pressionar" os países industrializados - a quem atribuem a responsabilidade histórica e numérica de reduzir emissões - a também financiar adaptações às mudanças e transferência de tecnologias. Mas sem aceitarem, eles, emergentes, compromissos obrigatórios de redução de suas emissões próprias.
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