Eleição no Chile

Uma pedra no sapato do Bolivarianismo

Sidney Borges
Amanhã tem eleição no Chile. O país vai bem, a economia segue em ritmo de crescimento, apesar da crise internacional. A população está satisfeita com a presidente Michelle Bachellet. Na últimas pesquisa ela alcançou 80% de aprovação, índice próximo ao de Lula.

O Chile tem menos desigualdade do que o Brasil. Também há uma grande diferença no quesito educação, os garotos chilenos saem da escola sabendo ler, escrever e fazer contas, até as difíceis, de dividir por três números que aqui no Brasil dão MBA.

A popularidade de Bachellet não está associada a esmolas travestidas de programas sociais. Ela é respeitada por ter governado com equilíbrio, melhorado as condições de vida dos chilenos. O país tem economia forte, com fundamentos sólidos que fazem prever um futuro brilhante.

Mesmo assim, pasmem leitores, o candidato apoiado pela presidente está atrás e deve ser derrotado. O argumento é: ela é boa, mas ele não é ela. Bachellet não transfere votos.

Por aqui há grande consternação nos círculos ligados ao governo. Estão tão embasbacados que ontem o comissário Dirceu disse no Blog do Noblat que lutou contra a ditadura financiada pelos Estados Unidos.

Esqueceu-se de dizer que os que lutaram contra a ditadura, como ele, do grupo Molipo, fizeram treinamento em Cuba. Financiados indiretamente pela União Soviética. O que Dirceu, Dilma, Gabeira, Franklin Martins e demais companheiros de luta armada queriam era trocar o modo de produção capitalista pelo modo de produção comunista.

Quanto à ditadura, sairiam os militares e entrariam os fiscais do partido. Continuaria ditadura, aliás esse nunca foi o ponto chave da luta armada.

Como aconteceu em todos os regimes comunistas e ainda acontece nos que restam, a liberdade de ir e vir iria para as cucúias. Não para todos, os comissários continuariam indo e vindo, como fazem agora, de preferência indo para a decadente, capitalista e charmosa Paris.

Lula nunca foi comunista. Como sindicalista jamais propôs a mudança do modo de produção capitalista. Lula lutou por melhores condições de vida para os trabalhadores do setor metalúrgico. A esquerda precisava de um operário padrão e elegeu Lula. Hoje come na mão dele. A criatura é maior do que o criador.

Michelle Bachellet é de esquerda. Pela lógica de mão única do Comintern, do alto de sua imensa popularidade, deveria fazer o sucessor, Eduardo Freire, também de esquerda.

Sebastián Piñera, adversário de Freire é o que os petistas chamam de diretista, apóia o liberalismo, não pretende aderir ao bolivarianismo chavista e vai reconhecer o governo eleito em Honduras.

As pesquisas indicam 44% a 31% em favor de Piñera.

Conclusão, o povo gosta de líderes carismáticos, mas decide em quem votar.

Carisma e popularidade são intransferíveis. Deve ser por isso que tantos golpes de estado são tramados na calada da noite. Alguns disfarçados de reforma política, eufemismo para mudanças na Constituição. Meros artifícios para permitir a reeleição perpétua. Não vão colar, a sociedade não quer ditadores. Nem de direita, nem de esquerda, muito menos populistas do grupo "tudo eu".

Com a alternância de poder segue a democracia associada ao mundo capitalista. Ruim, cheia de defeitos, mas certamente melhor do que a ditadura do proletariado.

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