Crônica

Natal... Ano Novo...

Lourdes Moreira
Mais uma vez o Natal chegou e o Ano Novo também. Que bom estarmos vivos para saudá-los. Melhor ainda se estivermos irmanados na esperança e na vontade de construirmos um novo ano melhor e mais feliz. Onde possamos fazer com que as desigualdades sociais sejam menos afrontosas ao povo brasileiro. Onde arruda seja apenas um pequeno galho que espanta mal olhado e não um político prepotente que afronta a nação como tantos outros ordinários que fazem à revelia do povo suas maracutaias que empobrecem e dizimam os sonhos de tantos jovens brasileiros.


Mas Natal é mágico. Faz com que o velho de longas barbas brancas, roupa vermelha e um saco enormeeeeeeeeeeeee..., faça a delícia dos sonhos infantis.

Tenho uma amiga que me narrou um fato curioso: sua neta estava preocupada com o trabalhão que as crianças dão ao Papai Noel nesta época; que não queria pedir-lhe nada para não sobrecarregá-lo já que ele está bem velhinho. Um aluno meu, de oito anos, ao pegar o presente que a escola lhe comprara e que fora entregue por um Papai Noel escolhido as carreiras entre os funcionários disse-me:

_ É o primeiro presente que ganho de Natal!

Seus olhos brilharam e os meus, sem que ele os visse, ficaram marejados. Pensei que não ganhar presentes em minha meninice fosse algo natural, pois ainda, a quarenta e tantos anos atrás, nem ceia de Natal eu sabia o que era, mas nos dias atuais? Onde a mídia nos devassa insidiosa proclamando que é Natal? Que devemos antecipar as compras o quanto antes para não ficarmos a “ver navios” nos presentes que acabarão antes que os compremos? Há ainda espaço para crianças que não ganharam presente de Papai Noel nos seus oito anos de existência?

Há. Há espaço para crianças que não sonham com o Papai Noel porque na pobreza de seus lares o sonho é apenas comida sobre a mesa. Há espaço para crianças violentadas nos diversos recantos brasileiros: violências que vão desde o abandono, à violência física, à vitimização por pedofilia ou à exploração sexual ou nos semáforos brasileiros.

Pensar no Natal e no Ano Novo é antes de tudo crermos na magia que estas datas nos impregnam de felicidade; de querermos que as pessoas sejam felizes e conquistem o que almejam mas é, antes de tudo, crermos que se o dinheiro público não fosse desviado em meias ou cuecas, nosso Papai Noel não estaria tão cansado; meu aluno já teria descoberto que presentes se ganha todo dia através do carinho e aconchego de sua família e de comida digna sobre a mesa com pais recebendo um salário decente; que sem desvios de nossos impostos o Brasil poderia investir em segurança e proteção às crianças que tem direito ao sonho da visita do bom velhinho; que o povo brasileiro só saiba o que é arruda ao colocá-las atrás das orelhas espantando os mal olhados e não um Arruda –governador que sangra o povo como tantos outros que tem nos sangrado.

Feliz Natal e um Ano Novo cheio de saúde e muita felicidade a todos nós e que não nos esqueçamos de que a maioria dos governantes que aí estão tem nos afrontado diuturnamente.
Lourdes Moreira
Profª da Rede Municipal e Estadual de Ubatuba


Twitter

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu