Boxe



Cotto x Pacquiao

Sidney Borges
Pergunta para fãs da nobre arte. Na sua opinião quem vence a luta do ano? Miguel Cotto ou Manny Pacquiao? Antes de fazer considerações sobre as possibilidades dos gentis cavalheiros que estarão no ringue na noite de sábado, 14 de novembro, no MGM Grand, em Las Vegas, vou falar do passado recente.


Primeiro de Pacquiao que começou a carreira de forma incerta, sofrendo vexaminosos nocautes. Suas lutas estão no YouTube, procure, você não vai acreditar.

Persistente, Pac Man, como é conhecido o filipino, aprendeu com as derrotas e tratou de virar o jogo. Tradução: treinamento árduo e contínuo. Hoje, apesar de ser uma das estrelas máximas do pugilismo dá sempre a impressão de que vai levar uma surra. Isso, claro, se você se fixar no porte físico. PAC Man é menor e mais frágil do que os adversários. No entanto, se o enfoque mudar para os olhos o conceito muda. São confiantes, determinados, expressam característica assustadora para adversários. Total alheamento ao entorno. Concentração plena.

Manny Pacquiao é rápido, ou melhor, muito rápido. Houve momentos em suas lutas que só consegui ver os golpes quando a TV mostrou em câmera lenta. Aficionados como eu que acompanho boxe há mais de 40 anos sabem que pugilistas de muita movimentação não costumam pegar forte. Podem até nocautear pelo volume de golpes, mas não é deles decidir pela potência.

A luta de Pacquiao contra Hatton, de cartel pra lá de respeitável, mostrou um Pac Man arrasador. O golpe fatal foi tão rápido e preciso que causou comoção no estádio. Próxima ao ringue a noiva de Hatton viu seu amado inerte sobre a lona e gritou desesperada. O lamento foi tão sentido e verdadeiro que calou milhares de pessoas. No chão, Hatton dormia o sono dos anjos.

De La Hoya escolheu a dedo o aversário. Parecia fácil bater o filipino, menor e aparentemente mais fraco. Quanto arrependimento deve ter passado em sua cabeça nos dois assaltos antes do abandono. Que surra monumental! De La Hoya foi minado, batido em todos os fundamentos. Poucas vezes se viu domínio tão grande sobre o ringue. O Golden Boy parecia barata picada por vespa, sem vontade, pronta a ser conduzida ao túmulo e morrer devorada por larvas vorazes.

No boxe não adianta eficiência no ataque sem defesa correspondente. Pacquiao é rápido, tem boa esquiva, mas também tem queixo duro.

Contra Juan Manuel "Dinamita" Márquez ficou evidente que os nocautes do começo da carreira foram acidentes de percurso. O mexicano tem oxigênio de sobra, parece ter quatro pulmões. Incansável recebe e devolve prontamente os golpes. Todos. Nada é de graça. A primeira luta aconteceu em 2004 e terminou empatada. A segunda valeu título e foi vencida por Pacquiao, em 2007, decisão dividida e contestada no México.

De 2007 para cá a escalada de Pacquiao foi determinante para que hoje ele seja considerado o melhor lutador do mundo. E o seu adversário?

Miguel Cotto é grande, forte e vencedor. Seu boxe é simples, avançar sempre, bater com força e variar bem os golpes. E mostrar muita resistência. Cotto lutou 35 vezes. Perdeu apenas uma para Antonio Margarito, em julho de 2008. Perdeu de forma clara, por nocaute, mas a luta deixou dúvidas no ar. Depois de demolir Cotto, Margarito foi flagrado usando bandagens com gesso antes de enfrentar Shane Mosley. O mundo do boxe questiona o resultado com base nos ferimentos terríveis no rosto de Cotto. Não teriam sido produzidos pelo expediente nada esportivo do mexicano?

Cotto só conheceu o infortúnio depois de nocautear 26 adversários. Derrotas abalam. Sua última luta foi contra Joshua Clottey e teve decisão dividida e contestada. Eu teria dado empate. Nesse combate Cotto foi cauteloso, evitou trocar golpes como fazia antes. Os punhos, ou talvez o gesso dos punhos de Margarito deixaram marcas.

Boxe não é caixinha de surpresas como futebol. Um golpe fortuito pode mudar o panorama de uma luta, já vimos acontecer em mais de uma ocasião, mas geralmente o mais preparado e motivado vence. Se me perguntarem quem vai ter o braço levantado na noite de sábado, respondo: não sei. Sei apenas que se estivesse nas cadeiras de ringue apostaria 100 dólares em Pacquiao. Gosto de apostar apenas no calor das lutas, de longe não tem graça.

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