Pensata

A roupa nova do Rei

Saulo Gil
Somos assim, seres frágeis, buscando uma suposta grandeza, hora no próprio ego, hora em uma ligação com algo que transcende a natureza. Nossa fraqueza chega ao desespero de Deus, um humano maioral, provavelmente capaz de nos trazer a resposta para o complexo conflito entre corpo e mente. Pena que a mensagem seja repassada por interlocutores quase sempre infectados pela ambição material, fazendo seguir a incompatibilidade natural da nossa racionalidade, onde uma mente expansiva habita um físico limitado, meramente mortal como outros seres. Pior ainda, é a maldita carne que insiste em findar e não ressuscitar, ignorando o bem feito passado e descartando os outros bandidos crucificados junto ao filho, diria bastardo, se não, sobrenatural.

Se um deus terráqueo falou em relação, sempre será necessário um ponto de referência. Mas nossa referência é egoísta e arrogante ao ponto de imaginar que somos a semelhança da suposta perfeição. É preguiça de pensar, dissimulação para não atingir a humildade! Uns semideuses já chegaram a considerar as falhas como pecado capital. Só que nunca ninguém os contou que a preguiça de pensar e a vaidade exacerbada também estão escondidas nos mandamentos que nos submetem a estas ilusões. Ilusão é melhor de olho fechado, onde as lágrimas que escorrem dos rostos reprimidos não são vistas e as caras molhadas só esperam outra chance do além. São metáforas desesperadoras que se resumiriam em um pedido de socorro!

E somos tão frágeis que minha voz só poderia realmente ser ouvida por um Suposto. Precisamos de orelhas e atos de verdade, com mentes limpas, que possam entender o berro, como o despertar de gente como a gente. Não podemos ignorar Sandro Barbosa do Nascimento, porque ele nasceu e viveu na montanha e só souberam do seu sofrimento quando ele mostrou desespero na planície. Ele também foi fraco e sua relatividade é apenas uma referência materna que sumiu quando morreu esfaqueada. Não são os pés descalços, são os olhos mal acostumados.

Não se desculpe com as vendas milionárias, pois o que interessa é saúde pra gozar no final. O maior educador brasileiro morreu tentando explicar que é necessário separar o cultural do animal, para entender o intelectual. Banal não deveria ser o ronco do monstro sem comida.

Banal deveria saber que monstros não existem e nem o Superman. E os amontoados de pedras dirão lá na frente, que esta dita evolução é inútil. Se o paraíso de Alice e Eva for verdade, certo seria acrescentar a maior quantidade possível de informação em nossos sonhos. Quem sabe não acordamos em um lugar que desejamos. Afinal, debaixo da árvore, de olhos fechados, tudo é possível, enquanto o que se pode tocar vai se perdendo. É como se esse texto ficasse perdido nos arquivos deste site, morto, decretando a impossibilidade de sobrevida às letras esquecidas.

É óbvio o desperdício da experiência com novas informaçãoes, se o sistema nos obriga a assimilar as mesmas informações, de um mundo que já nem é mais o mesmo. O problema sempre será alcançar a dimensão do real e não transferir as responsabilidades que temos como seres ativos e racionais deste planeta. Se não existe conspiração, e o mal já esta afetando os repressores dos reprimidos humanos, a conclusão é que somos um bando de preguiçosos. Sentados, de baixo da árvore, fingindo que conseguimos ver a roupa nova do Rei, afinal, já estamos de olhos fechados.

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