Opinião

Grande vitória, maior desafio

Editorial do Estadão
Sem dúvida foi uma grande vitória do Rio, do Brasil e da América do Sul. Mas é maior ainda o desafio de transformar a cidade do Rio de Janeiro, em apenas sete anos, naquilo que ela há muito deveria ser - e está tão longe de ser - em termos de infraestrutura urbana, de transportes, de habitação e, sobretudo, de segurança pública, para sediar os Jogos Olímpicos. Será difícil que a cidade consiga, mesmo com o formidável orçamento inicialmente previsto de R$ 28 bilhões, chegar a 2016 com a qualidade correspondente ao qualificativo de "maravilhosa", decorrente de sua imbatível beleza natural. O desperdício e o desastre orçamentário que foram os Jogos Pan-Americanos não justificariam esperanças nessa mudança. Mesmo assim, é de esperar que o compromisso mundial de sediar uma Olimpíada opere transformações profundas - inclusive no campo da ética pública.

Seria insensibilidade achar que a população de um país que sediará os Jogos Olímpicos não tenha motivo de justo orgulho pela projeção de sua imagem no mundo - especialmente nestes tempos de comunicação instantânea -, afora as oportunidades abertas nos campos do turismo, do esporte e da cultura. Neste último aspecto, aliás, os grandes espetáculos apresentados na abertura e no encerramento de determinadas Olimpíadas - como as de Moscou e a mais recente, de Pequim - têm se constituído em marco de exaltação das respectivas culturas nacionais.

As Olimpíadas modernas são a representação simbólica da busca de aperfeiçoamento da espécie humana, no que o desenvolvimento das habilidades no esporte se junta ao congraçamento entre os povos, por meio da competição elevada e pacífica. Assim é que se justificou o esforço dos governos dos países onde se situam as quatro cidades que se candidataram a sediar os Jogos Olímpicos de 2016 - Rio de Janeiro, Madri, Tóquio e Chicago - para convencer a maioria dos 106 delegados do Comitê Olímpico Internacional (COI) das razões e vantagens de cada uma delas.

É verdade que essa competição, travada em Copenhague pelos governantes dos "países candidatos" - presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Barack Obama, rei Juan Carlos e primeiro-ministro Yukio Hatoyama -, nem sempre se mostrou muito olímpica. As articulações e conchavos com delegados - em que não faltaram críticas ácidas às cidades concorrentes -, assim como a defesa final que cada uma delas fez perante o COI, tiveram seu peso. Mas esse processo de seleção já se iniciara em março de 2007 e a reunião de ontem foi apenas o seu desfecho.
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