Opinião

Disseminação da internet

Editorial do Estadão
A transmissão de dados, voz e vídeo poderá ser feita pela rede elétrica, prevê a Resolução 375 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 25 de agosto. Em tese, os mais de 90 mil km de linhas de transmissão do País tanto servirão para levar energia a 63,9 milhões de residências e empresas como para assegurar o acesso à internet a quase toda a população.

Aprovada a norma, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, apressou-se em enviar à Assembleia projeto de lei que autoriza a estatal Cemig a vender serviços de telecomunicações usando a nova tecnologia. O compartilhamento da rede de transmissão é um sistema conhecido no exterior - o Power Line Communication (PLC) - aplicado em larga escala em países como os Estados Unidos, Grã-Bretanha, Itália, França, Alemanha e Suíça.

Se o Brasil não teve, há mais tempo, acesso ao sistema, isto se deve ao atraso da regulamentação dos serviços. Antes da Resolução 375, os usuários dependiam apenas dos provedores atuais de internet, inclusive de banda larga. Há muitos anos, a Eletropaulo avaliou a conveniência de usar suas redes de transmissão de energia para transmitir dados, mas teve de interromper o projeto por falta de amparo legal.

Para explorar o novo serviço, as distribuidoras terão de constituir subsidiárias ou se associar a companhias de telecomunicações. Os prestadores do serviço deverão fazer contratos de uso comum das instalações das distribuidoras, atendendo a algumas regras. Por exemplo, as prestadoras do serviço de internet por rede elétrica não poderão ceder ou comercializar com terceiros o direito de uso da infraestrutura. Além disso, a receita dos serviços de PLC terá de ter contabilização separada.

Entre as perspectivas abertas pelo uso do PLC está o desenvolvimento de novas tecnologias associadas ao compartilhamento das redes, como a telemedição do consumo de energia elétrica, a leitura a distância dos medidores e o gerenciamento do consumo pelos cidadãos. Mas também será facilitado o acesso à internet pelas escolas e universidades. Como mostrou estudo do professor Moisés Vidal Ribeiro, da Universidade Federal de Juiz de Fora, no estágio atual a tecnologia PLC já permite a automação residencial, a ligação da internet aos serviços de segurança, videoconferências e acesso à TV de alta definição.

A Aneel enfatiza o impulso que isso dará à chamada inclusão digital - e está certa, pois se estima que 95% das residências e prédios já têm infraestrutura instalada de energia, enquanto os sistemas de telecomunicações (DSL e modems a cabo) alcançam 60% das residências, nos países desenvolvidos e 15%, nos emergentes.

Haverá, ainda, estímulo à concorrência entre as subsidiárias das distribuidoras de energia que forem criadas para atuar na transmissão de dados, voz e vídeo e as empresas de telecomunicações, o que deverá beneficiar duplamente o consumidor desses serviços, cujos custos são considerados elevados e que são objeto de frequentes reclamações aos Procons.
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