Fotografia


Ed Viggiani/Divulgação

Olho esquerdo de Ed Viggiani registra fragmentos do Brasil

MAYRA MALDJIAN colaboração para a Folha Online (original aqui)
Ed Viggiani usa o olho esquerdo para fotografar. Mas não é este o motivo que levou o fotógrafo a nomear sua nova exposição de "Meu Olho Esquerdo". A mostra, que entra em cartaz na Caixa Cultural da Sé neste sábado (19), representa o lado "B" de seu trabalho.


Veja galeria da exposição

A mostra apresenta 40 cenas cotidianas brasileiras, captadas entre 1988 e 2008. As fotografias registram de momentos banais a históricos, congelados pela câmera de Ed em uma peregrinação por terras tupiniquins.

Todas as imagens são em preto e branco. "Me sinto melhor fotografando em 'pb'.Tiramos informações desnecessárias e a relação fica restrita com a forma, a luz e o tempo." As quatro dezenas de fotos também foram registradas em câmera analógica e reveladas manualmente por Ed. "Aprecio o cuidado que temos que ter antes de apertar o botão quando usamos uma câmera de filme. Com a digital esse trabalho documental, do instante, se perde um pouco", explica.

O critério de seleção foi totalmente sentimental. "Mas tenho um carinho especial pela foto que colocamos no convite da exposição", conta Ed. "Eu gosto daquela composição, das pessoas que aparecem nela. Eu estava em Monsanto, na Bahia, durante uma procissão à noite. Essa região tem a ver com a Guerra de Canudos, por isso fui até lá fazer uma série, por conta própria".

Os dois olhos de Ed Viggiani

Ed começou no fotojornalismo, em 1978. Passou pelo Jornal O Povo, de Fortaleza (CE), pela revista "Istoé" pelos paulistas Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil --todos de São Paulo (SP). Nesse meio tempo, esticava sua visão esquerda à movimentação social no país e no mundo. E foi desse olhar diferenciado que surgiu sua primeira exposição individual: "Matando o Tempo a Golpe de Luz" (1991, Galeria Fotoptica) recebeu o prêmio de melhor do ano pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).

No mesmo ano, ganhou o "The Mother Jones International Fund for Documentary Photography", em San Francisco (EUA) pelo ensaio fotográfico "Irmãos de Fé", que retratava a religiosidade popular no Brasil.

Desde então, não parou. Foi para o Masp (Museu de Artes de São Paulo) em 1993 com a mostra "Paris em Preto e Branco" no Museu de Artes de São Paulo (MASP). Foi idealizador e coordenador editorial do livro "Brasil Bom de Bola". Em 1999, recebeu o prêmio J.P. Morgan de Fotografia com as obras de "O Retrato da TV", que hoje pertencem ao acervo do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo).

O futebol também é temática de seu trabalho. Idealizou o livro "Brasil Bom de Bola" em 1988, que foi lançado nas principais capitais do Brasil e no Museu do Louvre, na França, durante a Copa do Mundo. Ed também é autor do livro de fotografia "Brasileiros Futebol Clube", de 2006, com apresentação de Luis Fernando Veríssimo.

Nota do Editor - Ed Viggiani é irmão do arquiteto Ricardo "Abelha" Viggiani, morador de Ubatuba. (Sidney Borges)

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