Futebol

Ídolo do futebol romeno era espião. Notícia abriu onda de acusações

Associated Press (original aqui)
Gheorghe Popescu, zagueiro e capitão da seleção da Romênia nos anos 90 e campeão europeu pelo Barcelona, admitiu na semana passada que era informante da Securitate, a polícia secreta do ditador comunista Nicolae Ceausescu.

Em entrevista ao jornal Evenimentul Zilei, o craque, um dos maiores ídolos do futebol romeno, admitiu ter redigido relatórios sobre companheiros de clube entre 1986 e 1989, quando atuava pelo time Universitatea Craiova.

A notícia tinha sido divulgada dias antes em primeira mão por outro jornal, o Adevarul, que teve acesso a arquivos do governo. Popescu passou os três dias seguintes negando que tivesse sido um espião de Ceausescu, mas acabou reconhecendo ter trabalhado para o regime. "Fiz relatórios, mas sempre falei bem de meus companheiros", justificou-se o jogador, hoje com 41 anos.

Ceausescu, que assumiu em 1965, expandiu a Securitate. Acredita-se que a polícia tenha tido cerca de 700 mil informantes, em uma população de 22 milhões. Os jogadores de futebol eram prioridade da Securitate por causa das viagens e do contato com jornalistas e colegas estrangeiros. A revelação de Popescu causou uma onda de acusações no futebol romeno.

Anghel Iordanescu, técnico da Romênia na Copa de 1994, confessou ter feito um relatório sobre a venda do atacante Marcel Raducanu para o Borussia Dortmund, da Alemanha, em 1982. Gavril Balint, capitão dos romenos na Copa de 1990, afirmou que, nos anos 80, todos os jogadores do Steaua de Bucareste eram obrigados a passar informações para o regime.

Nota do Editor - No início de 1970 fiz uma viagem apressada a Antonina, no litoral do Paraná. Minha mãe estava prestes a ser submetida a uma cirurgia e necessitava da certidão de casamento. Fui buscar, meus pais casaram-se na simpática cidade histórica onde meu avô trabalhou no moinho de trigo Matarazzo.
Na ida peguei um ônibus leito até Curitiba, na volta o Dart-Herald da Sadia. No avião estava a equipe de futebol da Romênia que excursionava pelo Brasil e que enfrentou e perdeu para o Brasil no México.
Sentei-me ao lado de um rapaz que poderia ser meu irmão ou primo, tinhamos quase a mesma altura, idades parecidas e tipos físicos ídem. Começamos a conversar, ele falava português com sotaque lusitano. Era o ponta-esquerda da equipe romena, Lucescu, estrela do time. Não me lembro de tudo o que que falamos, tenho vaga recordação dele ter feito perguntas sobre o Brasil e eu sobre a Romênia.
Num certo momento um homem levantou-se e caminhou em nossa direção. Falou em romeno de forma ríspida com o meu vizinho. O nosso diálogo terminou por aí. Lamentei, eu tinha e tenho curiosidade sobre a Romênia e sua língua latina que tanto se parece com a nossa. Um dia irei lá, isto é, se houver tempo para tanto. Hoje é possível conversar com os romenos, a ditadura acabou. Ditaduras são restritivas e dão margem a que pessoas de maus instintos exerçam sua distorção de caráter na plenitude. Viva a democracia. (Sidney Borges)

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