Tragédia nos céus

Pane de Airbus na Austrália foi parecida

Comparação mostra que mensagens do A330 que caiu no mar são muito semelhantes à de uma queda brusca em outro A330, em 2008, na Austrália

José Antonio Lima na revista Época (original aqui)
A rigidez da legislação francesa sobre acidentes aéreos tem impedido a divulgação de dados sobre o que ocorreu com o
voo 447 da Air France, que desapareceu no Atlântico quando voava do Rio de Janeiro a Paris na segunda-feira (1º). No entanto, informações da Air France e do BEA, o órgão francês responsável pela investigação, dão alguns indícios do que pode ter acontecido com a aeronave, e alguns detalhes são muito semelhantes aos de dois incidentes ocorridos em 2008 com voos da Qantas, uma companhia aérea da Austrália.

No incidente de 7 de outubro, o avião, um Airbus 330 – semelhante ao da Air France – voava de Cingapura para Perth, na Austrália. Quando estava no meio do caminho, a aeronave sofreu, à revelia do piloto, duas quedas bruscas – pequenas, mas violentas o suficiente para ferir 103 das 303 pessoas que estavam no voo, 12 delas gravemente. O piloto, que voava de dia e com tempo bom, conseguiu, nas duas oportunidades, reverter as quedas, e acabou pousando na base aérea de Learmonth por temer novos problemas.

Por enquanto, poucos dados sobre a sequência de fatos que ocorreu com o avião da Air France foram divulgados. Ainda assim, quando essas informações são comparadas com o histórico do voo da Qantas, as semelhanças chamam a atenção.

Nos dois voos, os problemas começam com o desligamento do piloto automático, que no caso da Qantas ocorreu comprovadamente de forma involuntária. Na quarta-feira (3), em reportagem publicada por ÉPOCA online, o diretor-técnico do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Ronaldo Jenkins, afirmou que o desligamento pode ser “feito pelo comandante; por algum problema no sistema, ou por uma falha no sistema elétrico”.

O que se seguiu ao desligamento do piloto automático no caso do avião da Air France foram dois minutos (entre 2h11 e 2h13 pelo horário de Greenwich) de falhas e mensagens de erro contínuas provenientes das ADIRUs, as centrais inerciais que reúnem uma série de informações coletadas pelos sensores do avião, como pressão, velocidade e temperatura. De acordo com o relatório preliminar do Australian Transport Safety Bureau (ATSB), o órgão de investigação de acidentes aéreos da Austrália, a mesma coisa ocorreu com o Airbus da Qantas. Apenas dois minutos depois da primeira mensagem de falha, o avião registrou uma série de avisos de erros, o desligamento do segundo piloto automático (que havia sido ligado pelo piloto), e a primeira das quedas. Nesse meio tempo, houve inclusive uma mensagem de “overspeed”, que significa que a aeronave estava acima da velocidade adequada. Nesta quinta-feira (4), o jornal francês Le Monde publicou uma informação passada por uma fonte do Bureau Enquêtes-Accidents (BEA), o órgão francês que investiga o acidente, de que o Airbus da Air France voava em uma velocidade errada. Não se sabe, no entanto, se a velocidade estava acima ou abaixo da recomendada.
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Nota do Editor - O Ubatuba Víbora antecipou-se à revista "Época". Os dois quase acidentes envolvendo aviões Airbus A330 (Quantas e TAM) são fortes indicadores da existência de falhas no sistema que gerencia os vôos. Há muitos interesses envolvendo a empresa Airbus e as operadoras de seus aviões, por isso devemos ficar atentos às notícias. No acidente com o A320 da TAM, em Congonhas, logo culparam a pista, sem considerar que centenas de vôos aconteceram naquele dia, nas mesmas condições, sem incidentes. Nas mesmas circunstãncias em que o A320 da TAM varou a pista, há pelo menos 4 acidentes em que o sistema do A320 teria falhado. (Sidney Borges)

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