Opinião
Espaço para crescer
Editorial do Estadão
A economia brasileira terá espaço para crescer vigorosamente e sem risco de inflação ao sair da crise econômica. Esta é uma das novidades mais importantes da atual situação econômica do País. No fim da retração de 2002-2003, o Brasil tinha um potencial de crescimento estimado de cerca de 1,7%, porque o investimento havia sido insuficiente nos anos anteriores. A acelerada expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2004 foi seguida em pouco tempo de fortes pressões inflacionárias. A resposta do Banco Central (BC) foi um acentuado aumento dos juros. Nos anos seguintes, a rápida elevação do investimento, principalmente privado, ampliou a capacidade nacional de crescer sem grandes desequilíbrios no sistema de preços. Ao ser atingido pela crise internacional, o Brasil tinha um potencial de crescimento de 5%, segundo estimativas obtidas em meios técnicos de Brasília. Se a variação do PIB for zero neste ano, aquela será a margem de expansão econômica sem pressão inflacionária em 2010 - e nos anos seguintes o espaço poderá ser mantido ou ampliado, se o investimento em capacidade produtiva voltar ao ritmo de antes da crise.
O risco de pressões inflacionárias diminuiu em muitos países, com a recessão econômica, e esse fato foi registrado na semana passada, em Washington, na reunião de presidentes de BCs do Grupo dos 20 (G-20). O cenário do Brasil é até mais favorável, porque a ampliação do espaço para o crescimento resultou não só da crise, mas principalmente da expansão do parque de máquinas e de instalações produtivas. Investiu-se muito não só na indústria, mas também na agropecuária, antes de a recessão derrubar a demanda de equipamentos na maior parte dos setores.
No ano passado, o investimento, medido pela formação bruta de capital fixo, equivaleu a 20,2% do PIB. Entre 1995 e 2007 o valor investido em máquinas, equipamentos e instalações ficou sempre abaixo de 20%. Em 1994, ano de lançamento do Plano Real, chegou a 20,75%, mas esse foi um período extraordinário. Em boa parte dos anos 90 o ajuste se deu nos processos produtivos e na organização das empresas, mais do que na parte física. Em seguida o setor privado voltou a investir em bens de capital. Esse movimento se acentuou gradativamente e ganhou velocidade nos anos de maior expansão econômica a partir de 2003.
A elevação da taxa de investimentos, no entanto, dependeu basicamente do setor empresarial. A desestatização criou condições para a aplicação de capital privado em serviços e instalações, como estradas, terminais portuários e telecomunicações. Mas as privatizações perderam impulso, as Parcerias Público-Privadas pouco avançaram e os programas de investimento dependentes do setor público, especialmente do federal, mal saíram do papel. Em muitos casos, nem no papel progrediram, por falta de projetos.
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Editorial do Estadão
A economia brasileira terá espaço para crescer vigorosamente e sem risco de inflação ao sair da crise econômica. Esta é uma das novidades mais importantes da atual situação econômica do País. No fim da retração de 2002-2003, o Brasil tinha um potencial de crescimento estimado de cerca de 1,7%, porque o investimento havia sido insuficiente nos anos anteriores. A acelerada expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2004 foi seguida em pouco tempo de fortes pressões inflacionárias. A resposta do Banco Central (BC) foi um acentuado aumento dos juros. Nos anos seguintes, a rápida elevação do investimento, principalmente privado, ampliou a capacidade nacional de crescer sem grandes desequilíbrios no sistema de preços. Ao ser atingido pela crise internacional, o Brasil tinha um potencial de crescimento de 5%, segundo estimativas obtidas em meios técnicos de Brasília. Se a variação do PIB for zero neste ano, aquela será a margem de expansão econômica sem pressão inflacionária em 2010 - e nos anos seguintes o espaço poderá ser mantido ou ampliado, se o investimento em capacidade produtiva voltar ao ritmo de antes da crise.
O risco de pressões inflacionárias diminuiu em muitos países, com a recessão econômica, e esse fato foi registrado na semana passada, em Washington, na reunião de presidentes de BCs do Grupo dos 20 (G-20). O cenário do Brasil é até mais favorável, porque a ampliação do espaço para o crescimento resultou não só da crise, mas principalmente da expansão do parque de máquinas e de instalações produtivas. Investiu-se muito não só na indústria, mas também na agropecuária, antes de a recessão derrubar a demanda de equipamentos na maior parte dos setores.
No ano passado, o investimento, medido pela formação bruta de capital fixo, equivaleu a 20,2% do PIB. Entre 1995 e 2007 o valor investido em máquinas, equipamentos e instalações ficou sempre abaixo de 20%. Em 1994, ano de lançamento do Plano Real, chegou a 20,75%, mas esse foi um período extraordinário. Em boa parte dos anos 90 o ajuste se deu nos processos produtivos e na organização das empresas, mais do que na parte física. Em seguida o setor privado voltou a investir em bens de capital. Esse movimento se acentuou gradativamente e ganhou velocidade nos anos de maior expansão econômica a partir de 2003.
A elevação da taxa de investimentos, no entanto, dependeu basicamente do setor empresarial. A desestatização criou condições para a aplicação de capital privado em serviços e instalações, como estradas, terminais portuários e telecomunicações. Mas as privatizações perderam impulso, as Parcerias Público-Privadas pouco avançaram e os programas de investimento dependentes do setor público, especialmente do federal, mal saíram do papel. Em muitos casos, nem no papel progrediram, por falta de projetos.
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