Estados Unidos

Nova ordem mundial

Sidney Borges
Quando aconteceu o primeiro choque do petróleo, em 1973, o mundo vivia uma época de prosperidade. Havia dinheiro sobrando em bancos americanos, europeus e asiáticos.

O Brasil se beneficiava do crédito farto, o "milagre" era uma realidade. Delfim Netto nadava de braçadas, a infraestrutura brasileira, base do desenvolvimento que viria estava sendo construída rapidamente.

Quando os donos do "ouro negro" aumentaram os preços foi um Deus nos acuda. O dinheiro que estava em bancos americanos, europeus, asiáticos e brasileiros fez as malas e rumou para um novo destino: os países da Opep. Para o Brasil foi um desastre que demorou anos a ser absorvido e deixou marcas profundas.

Aí aconteceu o dilema dos adoradores de Maomé. O que fazer com tanto dinheiro (Ibhaim Eris diria titularidade) de uma hora para outra? Comprar camelos? Adquirir esposas? Correntes de ouro? Depois de rezar dias e dias voltados para Mecca os potentados árabes decidiram por aplicações seguras e, porque não dizer, conservadoras. Compraram títulos do governo americano. Nada poderia ser mais sólido e seguro do que o governo dos Estados Unidos. Conselho de Maomé.

Dessa forma os Estados Unidos continuaram comprando petróleo sem que o dinheiro saísse dos Estados Unidos. Isto é, saía e voltava, como se estivesse preso em um elástico. Com um adicional para compensar o stress do susto do choque. Junto à grana árabe ia dinheiro de europeus e asiáticos. No final das contas o aumento do petróleo foi bom apenas para árabes e americanos, com sensivel vantagem para o velho e talentoso Tio Sam.

Nos últimos anos a China acumulou dólares com a exportação de produtos baratos produzidos a um custo baixíssimo. Essa situação foi possível em função das peculiaridades do sistema econômico chinês que mistura Marx e Smith. A dinheirama dos comedores de arroz foi em grande parte aplicada em letras do tesouro americano.

Desde setembro passado a coisa começou a mudar. Com os bancos quebrando os Estados Unidos tiveram a imagem arranhada. A fortaleza inexpugnável do capitalismo deixou de existir no imaginário mundial.

Chineses, árabes, europeus e corintianos não pretendem mais colocar suas poupanças em letras do tesouro americano, alguns países já ensaiam resgatar os papéis que têm em mãos, velha idéia de De Gaulle.

Como farão os americanos para sair desse aperto? Eu não faço a mínima idéia, mas não me esqueço das palavras de Mao Tsé Tung: "Os Estados Unidos são um tigre de papel". E fazem carros caros, gastadores e anacrônicos.

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