Medicina nuclear

Ipen sediará eventos sobre tomografia PET

Exame é considerado um dos mais eficientespara diagnóstico de câncer e outras doenças

Fonte Nuclear

Entre os dias 25 e 29 de maio, especialistas e médicos nacionais e estrangeiros estarão reunidos no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, para a Conferência Integrada sobre Tecnologia PET/CT e os Encontros sobre PET. Os eventos buscam discutir a tomografia por emissão de pósitrons (PET), um dos exames de diagnóstico mais modernos da atualidade, e o FDG (fluordesoxiglicose), radiofármaco usado no exame.

Os eventos abordarão diversas áreas relativas a radioisótopos e tomografia PET, como operação de cíclotron, produção, marcação das moléculas, controle de qualidade dos equipamentos e aplicação clínica. “Esta tecnologia está em fase de desenvolvimento no Brasil. Eventos como esse são importantes porque permitem uma rápida transferência de conhecimento, o que é fundamental para que o país queime etapas na difusão deste exame”, afirma um dos coordenadores dos eventos e diretor de Radiofarmácia do Ipen, Jair Mengatti.

A tomografia PET tem alta precisão no diagnóstico de câncer e outras doenças. Na oncologia, a grande vantagem em relação a outros exames é que ela permite um diagnóstico bem mais precoce e preciso, o que aumenta as chances de êxito do tratamento e diminui os custos. A maior precisão no diagnóstico decorre do fato de ela não mostrar apenas a forma do órgão, mas de proporcionar informações sobre seu metabolismo. Isso acontece porque o exame mapeia a distribuição e a concentração de glicose no organismo.


Em casos de câncer, como os tumores malignos consomem grandes quantidades de glicose, a identificação de uma concentração elevada da molécula significa a presença de um tumor. O FDG se desloca para regiões onde há maior atividade metabólica e, portanto, existe uma avidez muito grande por glicose. A tomografia PET também diferencia com mais clareza tumores malignos de benignos e de outras lesões. Sua utilização pode evitar que sejam feitos exames invasivos, como a biopsia, que apresentam maior risco para o paciente, e a realização de cirurgias desnecessárias.


Em cardiologia, o exame é usado para diagnosticar o grau de comprometimento do coração. Em neurologia, no diagnóstico de doenças como Parkinson e Alzheimer e no estudo de distúrbios psiquiátricos, dos efeitos danosos do uso de drogas e das funções cognitivas do cérebro. Mengatti afirma que, hoje, a importância da PET para o diagnóstico médico é inquestionável. “Cerca de 30% dos tratamentos são alterados com o diagnóstico da PET. Este exame também permite ver muito mais precisamente a evolução do tratamento”, explica.


Ele ressalta que este é um momento de difusão da tecnologia PET no país. Novos cíclotrons serão instalados em São Paulo, Porto Alegre e Recife. Brasília teve um cíclotron instalado recentemente. “Há um potencial muito grande de crescimento do uso da tomografia PET no Brasil. Aqui são realizados cerca de 10 mil procedimentos por ano, enquanto nos EUA são feitos 1,8 milhão de procedimentos anuais. Isso mostra como esta tecnologia ainda é muito insipiente em nosso país”, comenta o cientista do Ipen.


Entretanto, a logística para a produção e a distribuição do FDG não é simples, pois é um radiofármaco de meia-vida curta, de cerca de 110 minutos. Isso significa que sua produção precisa ser feita perto do local de consumo, pois, a cada período de aproximadamente duas horas, ele perde metade da radioatividade e, consequentemente, uma quantidade maior tem que ser utilizada para obter o mesmo resultado. Por isso, quanto mais longe for o local de produção do centro médico onde será usado, maior é a quantidade do radiofármaco que precisará ser produzida, os custos e as dificuldades logísticas envolvidas em sua distribuição.


Mengatti afirma que disseminação de novos centros de produção de FDG é fundamental para democratizar o acesso ao exame. “Veja o caso de Recife, por exemplo. Hoje, a capital pernambucana recebe FDG produzido no Ipen, em São Paulo. Nós precisamos enviar cinco a seis vezes a quantidade de FDG que será consumida, devido à curta meia-vida do radiofármaco. A produção do cíclotron que está sendo instalado no Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE), localizado no município, permitirá o aumento da oferta da tomografia PET e a redução dos custos”, frisa. Ele acrescenta que, como este é um exame muito caro, a cobertura por parte do Sistema Único de Saúde (SUS) é outra medida essencial para democratizar o acesso à tomografia PET.


Para o pesquisador, com o crescimento do uso da tecnologia PET, será preciso formar recursos humanos. “A demanda pela tomografia PET está crescendo numa velocidade maior do que a formação de profissionais qualificados. Um novo mercado está se abrindo para farmacêuticos, físicos, químicos, engenheiros e outros profissionais para trabalhar em desenvolvimento tecnológico, pesquisa e produção”, avisa.

Cooperação técnica

Os eventos realizados no Ipen fazem parte do projeto de cooperação técnica “Capacitação na Produção de Radiofármacos com Cíclotron para Aplicações Clínicas”, fomentado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço das Nações Unidas para o setor nuclear. O projeto conta com a participação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e de três institutos a ela vinculados – o Ipen, o CRCN-NE e o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), de Belo Horizonte –, além dos institutos de Física e de Radiologia da Universidade de São Paulo (USP) e da Faculdade de Física da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).


O público-alvo do evento é composto por médicos nucleares, oncologistas, físicos médicos, químicos, biomédicos, tecnólogos e profissionais da área de radiofarmácia envolvidos na produção de radiofármacos com cíclotron e estudos utilizando PET e PET/CT (tomografia computadorizada). A Conferência Integrada Sobre Tecnologia PET/CT tratará desde a produção dos radiofármacos até suas aplicações clínicas, passando pelos aspectos físicos e instrumentais. Os Encontros sobre PET estão divididos em três módulos específicos nas áreas de clínica, física e radiofarmácia, com o objetivo de capacitar os profissionais envolvidos. Mais informações podem ser obtidas no site do Ipen (
www.ipen.br).
ABEN - Associação Brasileira de Energia Nuclear
Mais informações: Fábio Aranha (jornalista responsável) - (21) 3797-1751 / (21) 3797-1869 –
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