Indústria Automobilística

'Time': confira 10 erros que levaram a GM à beira da falência

Redação Terra (original aqui)
Um dos símbolos da indústria automobilística americana, a General Motors (GM) tem até 1º de junho para apresentar um plano de recuperação ao governo dos Estados Unidos e evitar o pedido de concordata. A empresa que liderou o ranking da revista Fortune 500 em 2000 tem atualmente cerca de US$ 27 bilhões em dívidas e já pegou emprestados US$ 19,4 bilhões do governo do presidente Barack Obama.

A crise financeira acelerou o processo de declínio, mas a montadora vem acumulando decisões equivocadas ao longo de sua história. Confira a seguir alguns momentos cruciais da companhia que contribuíram para a situação crítica, segundo levantamento da revista Time.

Em 1966, a GM contratou detetives particulares para tentar esconder o advogado Ralph Nader, que havia publicado o livro "Unsafe at Any Speed", onde criticava o Chevrolet Corvair - um carro que não tinha os mínimos equipamentos de segurança já disponíveis na época. Segundo Nader, milhares de mortes em acidentes poderiam ser evitadas, mas por economia as montadoras não instalavam os equipamentos. Ao tentar tirar Nader de cena, a companhia perdeu prestígio e deixou a impressão de que não estava interessada na segurança dos consumidores.

Em 1979, a montadora apostou na idéia da divisão Oldsmobile de usar motores a diesel, por causa da disparada nos preços do petróleo depois de 1973. No entanto, os motores convertidos eram barulhentos demais, jorravam fumaça e quebravam constantemente, o que contribuiu para a imagem de produzir carros não-confiáveis. Além disso, deixou o consumidor americano preconceituoso contra motores a diesel, que atualmente são mais eficientes que os a gasolina. A experiência terminou em 1985.

Em 1982, o desejo de reduzir custos de produção deixou os carros da GM e da Cadillac muito parecidos. O fato ficou claro com o lançamento do Cadillac Cimmaron, com o mesmo estofado que equipava o (bem) mais barato Chevrolet Cavalier. A estratégia de compartilhar plataformas e peças facilitou a produção, mas acabou com a distinção das marcas da empresa, que também contava com Buick, Pontiac e Oldsmobile.

Em 1984, a GM tentou diversificar as atividades com a aquisição da Hughes Aircraft e da EDS, no intuito de transformar a companhia em um gigante de tecnologia. Na época, o presidente Roger Smith entrou em atrito com o fundador da EDS, Ross Perot, quando Toyota e Honda entravam forte no mercado americano. As empresas nunca conseguiram se integrar perfeitamente e se tornaram uma distração para os executivos da GM.

Em 1989, a montadora comprou a sueca Saab por US$ 3 bilhões. Desde então, a GM não lucrou um dólar sequer com a aquisição. Em abril, a companhia afirmou que planeja se concentrar em quatro marcas principais: Chevrolet, Cadillac, Buick e GMC, e vai descontinuar a marca Pontiac até o final do próximo ano. Saab, Saturn e Hummer ainda são dúvidas.

Já em 1992, o conselho da GM determinou uma reformulação geral na administração, que tirou a atenção de um bom momento com o lançamento da marca Saturn e o primeiro experimento de motor elétrico, o EV1. A reestruturação fez com que o investimento em motores mais econômicos fosse adiado e a relação com o Sindicato de Trabalhadores da Indústria Automotiva (UAW) se degenerou.

Com o "boom" de vendas dos utilitários esportivos (SUVS), a GM comprou a Hummer em 1998, sem considerar a hipótese de um novo aumento nos preços do petróleo no futuro próximo. Segundo a Time, a aquisição deixou evidente a deterioração das demais marcas da companhia, além de marcar a GM com a indiferença pelo meio ambiente por conta do alto consumo dos esportivos.

Depois de colocar os bônus a executivos em patamares recordes, a GM fez seu acordo mais caro com o UAW para evitar uma nova greve geral de funcionários como em Flint, em 1998. Com lucros recordes da companhia, o sindicato exigiu aumento de salário, bônus, pensões maiores, melhor plano de saúde e benefícios aos dependentes. Além de GM, Ford e Chrysler também aceitaram as condições.

Em outubro de 2004, as agências de risco perceberam o aumento dos custos de pensão, plano de saúde e financiamento e rebaixaram os papéis da empresa ao menor nível de grau de investimento. Na mesma época, a montadora aumentou os empréstimos em hipotecas por meio da GMAC. Foi o último ano em que a GM registrou lucro. No ano seguinte, a empresa perdeu o grau de investimento.

Em 2006, a GM apostou novamente em utilitários esportivos e lançou remodelações do Chevy Suburban e do Cadillac Escalade, logo após a temporada de furacões que arrasou a Costa do Golfo e New Orleans. O investimento nos SUVs deixou para trás o desenvolvimento de carros mais eficientes - o que foi recuperado com o desenvolvimento do Volt.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu