Angra 2

Demora na divulgação de acidente em Angra é condenável, mas é praxe, diz Greenpeace sobre vazamento em Angra 2

Elisa Estronioli Do UOL Notícias Em São Paulo (original aqui)
Para Ricardo Baitelo, da campanha de energia do Greenpeace, a demora de 11 dias em tornar público o
vazamento de radiação na usina nuclear de Angra 2, em Angra dos Reis (RJ), mostra "como é o comportamento do setor nuclear no Brasil e no mundo". A Eletronuclear divulgou na tarde de ontem (26) a incidente ocorrido no último dia 15.

"Esse é um procedimento condenável, mas é de praxe. Eles sabem das acusações que a energia nuclear é perigosa, sujeita a acidentes sérios, então, para não prejudicar a imagem, tentam encobrir ou minimizar esse tipo de ocorrência", diz Baitelo.

Em nota divulgada ontem, a Eletronuclear afirmou que o acidente "não provocou impacto para o meio ambiente, para os funcionários nem para a comunidade". Conforme a estatal, quatro funcionários teriam sido contaminados em níveis abaixo de 0,1% dos limites estabelecidos em norma para os trabalhadores e a liberação da radiação ao meio ambiente teria sido de cerca de 0,2% dos limites estabelecidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).

Através de sua assessoria de imprensa, a Eletronuclear afirmou que não costuma divulgar esse tipo de ocorrência, classificado como "evento não usual", para não causar pânico entre a população. A empresa decidiu publicar uma nota sobre o ocorrido ontem porque a ONG Sapê (Sociedade Angrense de Proteção Ecológica) teria exposto o ocorrido à imprensa. "Acho que o correto seria divulgar imediatamente", diz Baitelo. "Se eles querem passar uma imagem de confiável, deveriam abrir logo essas ocorrências, porque a população fica insegura."

A Eletronuclear afirma que a Prefeitura de Angra dos Reis, o Ministério de Minas e Energia, a Cnen e a Eletrobrás foram notificados no dia em que ocorreu o incidente.

Mistério e interesses

Para Baitelo, as atividades nucleares, não apenas no Brasil, são cercadas de mistério, por se tratar de uma área de interesse estratégico militar. "Para construir uma bomba atômica, basta dar continuidade ao ciclo de enriquecimento do urânio, o que já aconteceu em diversos países". "Outro problema para a transparência é a dificuldade de fiscalização, uma vez que o órgão que promove a energia nuclear é o mesmo que fiscaliza, a Cnen."

Baitelo ressalta que o Greenpeace é contra a produção de energia nuclear e defende o uso do urânio apenas para fins medicinais. "Essa energia é mais cara e perigosa. Após a geração de energia, ainda existe o risco de contaminação, e os resíduos têm que ser isolados por milhares de anos." O Greenpeace possui um estudo em que afirma que o Brasil pode crescer até 2050 impulsionado por fontes renováveis de energia, como vento, sol e biomassa, e eliminando o uso de petróleo, carvão e fonte nuclear.

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