F-1

De pernas pro ar

Sidney Borges
O título deste artigo reflete o que vai pela Fórmula 1. Tudo de pernas pro ar, quem estava atrás na temporada passada está na frente e quem estava na frente está atrás. Os do meio se distanciaram equitativamente, parte avançou, parte se atrasou.

Há muitos anos Nelson Piquet não sorriu da piada sobre um piloto japonês em um programa de televisão. Falando aos jornalistas nos bastidores, depois da entrevista, ele disse depois que na categoria não havia bobos, todos eram bons, uns mais rápidos e mais audazes, mas sem um bom carro nada podiam fazer.

Ele tinha razão, com a Honda do ano passado ninguém teria feito mais do que fizeram Button e Rubinho. Senna, Schumacher ou Piquet pouco teriam conseguido frente aos desacertos do carro. Jenson Button estava esquecido na Inglaterra, nem em colunas de fofocas tinha vez. Promessa de outrora, encalhou ao lado de Rubinho Barrichello na Honda. Foram anos de frustração. Fica claro hoje, com o desempenho da Brown, que se qualquer um dos dois estivesse a bordo de uma Ferrari ou de uma McLaren a história teria sido diferente.

Sobre Rubinho então nem dá pra explicar. Um filme poderia ser feito com os acontecimentos da vida dele nos últimos seis meses. Tudo apontava para a aposentadoria, Rubinho é um veterano e sem equipe estava negociando para guiar na Stock Car ou nos monopostos que correm nos circuitos ovais americanos. O fim da carreira surgia em um horizonte carregado de nuvens cinzentas.

Hoje Rubinho parece um estreante, ocupa o segundo lugar no campeonato e guia o melhor carro da competição, que por acaso é o mesmo Honda-tartaruga modificado e remotorizado.

Tem muita grana rolando na Fórmula 1, só na equipe Brown há quase quinhentos funcionários e isso depois da dispensa de mais de duzentos. Do jeito que a coisa caminhava, com apenas duas equipes lutando pela vitória, Ferrari e McLaren, o público televisivo, que é o que interessa, estava diminuindo.

As modificações surtiram efeito, os carros ficaram parecidos com gafanhotos, mas a competição voltou a existir, ninguém pode prever quem vai estar no pódio. Há muitos pretendentes.

Pode ter sido uma grande jogada de marketing, mas surtiu efeito. Quem vai ao circo quer divertimento e hoje o circo da Fórmula 1 promete atrações especiais e muita emoção.

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