A ponderar...

A parcialidade da imprensa

Rui Grilo
No texto “ Novas lideranças” ao mesmo tempo em que elogia a eficiência da atual diretoria da ACIU, Celso de Almeida Jr. dá um puxão de orelhas quando diz:

“A capacidade administrativa que revelaram na condução da ACIU credencia a equipe para ter uma presença mais assertiva em relação às ações governamentais.”

Não sou sócio da Associação Comercial mas também sinto essa falta de uma tomada de posição clara com respeito à questões cruciais relacionadas ao cotidiano da cidade, como o caso do transbordo.

Ao mesmo tempo reconhece a ausência de uma imprensa escrita e falada independente quando elogia a qualidade dos textos que circulam pelos boletins eletrônicos locais e que, mesmo assim, lutam com dificuldades para cobrir as despesas por falta de anúncios. É uma atitude meio velada mas perceptível, de receio de sofrer retaliações por apoiar veículos de comunicação que se posicionam mais criticamente em relação a fatos locais.

Luis Nassif, ao comentar o caso Madoff e o caso Dantas é mais crítico ainda, não só em relação à imprensa mas aos três poderes quando diz:

“No fundo, esse é o grande desafio para o Brasil aspirar a ser uma nação grande e justa: romper com esse pacto de banditismo que parece ter se consolidado nos quatro poderes do país.”

Dom Xavier Gilles de Mapeou d’Ableiges, da Comissão Pastoral da Terra, e o jornalista Leonardo Sakamoto, jornalista premiado em suas denúncias dos abusos aos direitos humanos, fazem questionamentos muito parecidos sobre o tom das críticas do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, ao MST. Como se sabe, apesar de milhares de assassinatos de camponeses e defensores dos direitos humanos, a impunidade dos assassinos é a regra. Enquanto lá Madoff foi algemado ao tribunal, aqui o uso das algemas em Daniel Dantas causou protestos na imprensa e nas mais altas cortes da justiça.

Diz a Constituição que todos são iguais perante a lei, mas aqueles que tem curso superior e, pela lógica, teriam mais condições de refletir sobre suas ações, têm direito à prisão especial. Enquanto isso, aqueles que não podem pagar um bom advogado, às vezes, mesmo depois de cumprir a pena permanecem trancafiados, como tem sido denunciado em jornais e por grupos ligados à defesa dos direitos humanos.

Está programada para este ano a conferência nacional pela democratização das comunicações, a qual deve ser precedida por conferências locais e regionais. Está na hora de organizarmos a nossa conferência local.

Está aí um grande desafio para todos aqueles que acreditam que o acesso de todos à informação é o que garante o aperfeiçoamento da democracia e a redução da corrupção.
Rui Grilo
ragrilo@terra.com.br

Comentários

Anônimo disse…
Os adeptos da esquerda, seja ele professor, jornalista, político, etc., têm uma visão do mundo diferente. Não são poucos os q apoiam as invasões destruidoras do MST, da Via Campesina e outros da mesma laia, q no fundo são ações de cunho político direcionadas à ordem institucional. Então, pergunto... como fazer comparação de um simples professor de província ao Min. Presidente do STF...? São totalmente diferentes em todos os aspectos da vida política brasileira. Uns têm mais responsabilidades q outros. E a partir daí, podemos dizer sem medo de errar, à luz da Constituição da República q a igualdade propalada tem conatação diferenciada. O princípio constitucional de igualdade é tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida em q se desigualam. Tenha dó! querer se igualar a um Ministro do STF...vê se enxerga professor!
sidney borges disse…
Não vejo diferença entre um professor de província e um ministro do STF. a sociedade precisa igualmente dos dois e os dois devem poder se expressar livremente. Quanto á visão da esquerda, é preciso deixar claro que há esquerda e esquerda. Os seguidores de Lula propriamente de esquerda, são seguidores do Lula, que não é de esquerda, é um lider populista nos moldes de Getúlio Vargas e Perón. A democracia precisa de liberdade de expressão.
Anônimo disse…
Opa! Eu n~ disse q o professor de província n~ pode livremente se expressar. O q eu afirmei é q ele n~ pode se comparar a um Min. Presidente do STF, porque são diferentes em todos os aspectos da vida política brasileira. E é nesse ponto q abro divergência... só porque são iguais? Discordo. Mesmo porque n~ preciso repetir o princípio constitucional de igualdade entre nós... Fico com o pensamento de Abraham Lincoln:
"Todos os homens nascem iguais, mas essa é a última vez que o são."

Em resumo: tem gente q lhe falta modéstia.
sidney borges disse…
Eu não acho que os homens sejam iguais, nascem de fato da mesma forma, mas se diferenciam ao longo da vida. O ministro Gilmar Mendes é controverso - libertação de Dantas - mas quando criticou as ações recentes do MST mereceu o meu aplauso. Não aprovo a violência como forma de luta política, mesmo porque se a coisa caminhar nessa direção teremos guerra civil e ninguém ganha com isso. Há, no entanto, em nossa sociedade quem imagine que uma ditadura de esquerda seja a solução. Há de tudo neste mundo. Eu não concordo, nada mais posso fazer além disso. No entanto, defenderei sempre o direito de manifestação dos que comungam as minhas idéias e dos que as abominam. No post do professor Rui Grilo há uma reprodução do texto de um jornalista simpático ao MST. Nada mais do que isso, conheço o Grilo, ele é bastante humilde e bem intencionado e sabe do seu lugar na sociedade. Não concordamos em muitas coisas, mas isso faz parte do jogo democrático.

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