Pensata
Arquitetura e a cidade
Sidney Borges
Bom dia caros leitores. A coisa aqui está pegando. Depois de dois dias em Sampa é possível medir o tamanho da distância que nos separa do mundo real. Começarei pela Telefônica. Quando a tentaculosa multinacional assumiu a lucrativa empresa tupiniquim ficou determinado que haveria investimentos em infraestrutura. Devem ter acontecido.
Na rede de Ubatuba, infelizmente, não aconteceu. A conexão banda larga que chega ao meu bairro é "movida à lenha", em certos momentos nem isso. Mas não é só a Telefônica que está em falta, a energia elétrica funciona como pisca-pisca de carro de português. Funciona, não funciona, funciona, não funciona. Todos os meses acontecem explosões que deixam meu cão Brasil alerta, ele tem medo de uma invasão argentina. Não são los hermanos, mas transformadores que explodem e a energia vai pro brejo. Depois de um tempo volta oscilando e queimando lâmpadas, transformadores, computadores e o que mais estiver ligado.
A conexão com a Internet tem mais um problema além da velocidade tartarugosa. A Telefônica está advertindo os usuários sobre a necessidade de provedor. O aviso trava a rede, se você não estiver atento e concordar logo a navegação vai pro buraco. Para voltar aos conformes é preciso ficar no liga e desliga até pegar o bicho cansado e clicar concordo. Reclamar com quem? Estou estudando propostas da Embratel e outras congêneres, quem sabe sairei dos tentáculos dessa empresa cara e antipática.
Em São Paulo passei na Galeria do Sérgio Caribé para um café. Ele não estava, deixei recado e aproveitei para dar uma olhada nas obras de arte. Um espetáculo, Caribé tem um acervo de artistas contemporâneos da melhor qualidade, pinturas, esculturas, instalações. Daria para abrir um museu.
Por falar em obras de arte, quando a presidência da Câmara estava em mãos do então petista Jairo dos Santos eu o procurei para falar da construção da nova Câmara.
Conversamos sobre obras públicas em geral, falei da necessidade do bom desenho e de como esse detalhe é importante.
Uma obra de qualidade é um cartão de visitas, uma referência. Para uma cidade carente como Ubatuba, feia, pródiga em estrovengas, seria bom ter pelo menos um atrativo arquitetônico. Por aqui parece haver competição entre o homem e a pena sutil da natureza. Uma forma de contrabalançar as estonteantes belezas da terra. Para paisagens maravilhosas, obras horrorosas. Rimou, antes não fosse assim.
Bem, voltando à conversa com o então presidente e então petista, Jairo, propus que o novo prédio fosse projetado por um arquiteto escolhido através de concurso. Como se faz no mundo.
Acho que fui longe, não em todo o mundo, na maior parte da África e em certas cidades brasileiras não é assim que funciona.
Expliquei que Ubatuba poderia organizar um concurso internacional. Imagino a volúpia com que se lançariam à prancheta jovens da Escandinávia, do Japão, dos Estados Unidos, do Brasil, do Uruguai, da Argentina. Desenhar um prédio público em meio às paisagens de Ubatuba é um sonho. Quem sabe teríamos a consagração de um talento local.
Com imensa tristeza leio que o projeto está pronto. Em breve teremos um novo prédio. Quem projetou? Qual foi o critério da escolha?
O prefeito Eduardo Cesar viajou recentemente e deve ter sentido o impacto do bom planejamento urbano. Eduardo é inteligente, sabe que Juscelino ganhou fama e deitou na cama tendo investido em obras marcantes.
"Pé-de-valsa", como Juscelino era conhecido, ganhou os corações e as mentes dos brasileiros e se tornou "o prefeito" entre os milhares que havia. O conceito nasceu com a obra da Pampulha. Juscelino acabou presidente da República.
Eduardo Cesar pretende alçar vôos altos, o próximo passo é ser deputado. Um bom começo para fixar seu nome como homem moderno, atualizado, seria criar um órgão regulamentador da arquitetura local. Um órgão que levasse em conta a beleza.
Como dizia Vinícius, beleza é fundamental.
Teria meu apoio. E também da população local e da região. E da torcida do Corinthians.
Ubatuba precisa de carinho.
Sidney Borges
Bom dia caros leitores. A coisa aqui está pegando. Depois de dois dias em Sampa é possível medir o tamanho da distância que nos separa do mundo real. Começarei pela Telefônica. Quando a tentaculosa multinacional assumiu a lucrativa empresa tupiniquim ficou determinado que haveria investimentos em infraestrutura. Devem ter acontecido.
Na rede de Ubatuba, infelizmente, não aconteceu. A conexão banda larga que chega ao meu bairro é "movida à lenha", em certos momentos nem isso. Mas não é só a Telefônica que está em falta, a energia elétrica funciona como pisca-pisca de carro de português. Funciona, não funciona, funciona, não funciona. Todos os meses acontecem explosões que deixam meu cão Brasil alerta, ele tem medo de uma invasão argentina. Não são los hermanos, mas transformadores que explodem e a energia vai pro brejo. Depois de um tempo volta oscilando e queimando lâmpadas, transformadores, computadores e o que mais estiver ligado.
A conexão com a Internet tem mais um problema além da velocidade tartarugosa. A Telefônica está advertindo os usuários sobre a necessidade de provedor. O aviso trava a rede, se você não estiver atento e concordar logo a navegação vai pro buraco. Para voltar aos conformes é preciso ficar no liga e desliga até pegar o bicho cansado e clicar concordo. Reclamar com quem? Estou estudando propostas da Embratel e outras congêneres, quem sabe sairei dos tentáculos dessa empresa cara e antipática.
Em São Paulo passei na Galeria do Sérgio Caribé para um café. Ele não estava, deixei recado e aproveitei para dar uma olhada nas obras de arte. Um espetáculo, Caribé tem um acervo de artistas contemporâneos da melhor qualidade, pinturas, esculturas, instalações. Daria para abrir um museu.
Por falar em obras de arte, quando a presidência da Câmara estava em mãos do então petista Jairo dos Santos eu o procurei para falar da construção da nova Câmara.
Conversamos sobre obras públicas em geral, falei da necessidade do bom desenho e de como esse detalhe é importante.
Uma obra de qualidade é um cartão de visitas, uma referência. Para uma cidade carente como Ubatuba, feia, pródiga em estrovengas, seria bom ter pelo menos um atrativo arquitetônico. Por aqui parece haver competição entre o homem e a pena sutil da natureza. Uma forma de contrabalançar as estonteantes belezas da terra. Para paisagens maravilhosas, obras horrorosas. Rimou, antes não fosse assim.
Bem, voltando à conversa com o então presidente e então petista, Jairo, propus que o novo prédio fosse projetado por um arquiteto escolhido através de concurso. Como se faz no mundo.
Acho que fui longe, não em todo o mundo, na maior parte da África e em certas cidades brasileiras não é assim que funciona.
Expliquei que Ubatuba poderia organizar um concurso internacional. Imagino a volúpia com que se lançariam à prancheta jovens da Escandinávia, do Japão, dos Estados Unidos, do Brasil, do Uruguai, da Argentina. Desenhar um prédio público em meio às paisagens de Ubatuba é um sonho. Quem sabe teríamos a consagração de um talento local.
Com imensa tristeza leio que o projeto está pronto. Em breve teremos um novo prédio. Quem projetou? Qual foi o critério da escolha?
O prefeito Eduardo Cesar viajou recentemente e deve ter sentido o impacto do bom planejamento urbano. Eduardo é inteligente, sabe que Juscelino ganhou fama e deitou na cama tendo investido em obras marcantes.
"Pé-de-valsa", como Juscelino era conhecido, ganhou os corações e as mentes dos brasileiros e se tornou "o prefeito" entre os milhares que havia. O conceito nasceu com a obra da Pampulha. Juscelino acabou presidente da República.
Eduardo Cesar pretende alçar vôos altos, o próximo passo é ser deputado. Um bom começo para fixar seu nome como homem moderno, atualizado, seria criar um órgão regulamentador da arquitetura local. Um órgão que levasse em conta a beleza.
Como dizia Vinícius, beleza é fundamental.
Teria meu apoio. E também da população local e da região. E da torcida do Corinthians.
Ubatuba precisa de carinho.
Comentários
Com o "bom gosto" arquitetônico e paisagístico que as obras públicas em Ubatuba estão sendo levadas à efeito, acho dificil o nosso alcaíde dar mostras de ser um homem moderno no sentido explicito da modernidade arquitetonica e paisagistica.
Talvez moderno apenas, ao se mostrar ser verdadeiramente um "metrosexual".
Eduardo de Souza Cesar, já chegou a presidência pelo menos para seus "assessores de imprensa" se bem que a grafia poderia ser: "Acessores de imprensa", já que são apenas acessórios pendurados em sua bolsa escrotal. Você acredita que montaram uma foto, que percorre os corredores da prefeitura, onde Edu Cesar aparece envolto pela faixa presidencial e com os Dragões da Independência ao fundo? Pode acreditar. O mais insano é que é verdade. E tem mais... Assinado por todos os "acessores". Acredito que o "pé feito" não anda pela cidade para observar as péssimas condições de conservação do município, por difoculdade de locomoção. Carregar tantos "acessores" em uma região tão sensível deve ser um sacrifício. Será este o motivo do apelido superman? Será que o saco é de aço? Porque a cara todos sabemos...é de pau.
Mas o motivo que resolvi comentar não foi esse e sim discordar que precisamos fazer um concurso "mundial", temos ótimos arquitetos na região, inclusive, muitos dos Trabalhos de Conclusão de Curso da Unimódulo poderiam ser aproveitados.
No mais, tenho a indicação de um ótimo arquiteto, acho que você o conhece: Gilmar Rocha
Um grande abraço
Leo Rocha
Concordo plenamente com você que as chances são muitas. Acredito mesmo. O povo brasileiro não sabe votar. Acho que nisso você vai concordar comigo. Não entenda que sou contra o voto. Outra questão: As pragas costumam mesmo migrar depois de consumir toda uma área.
Quando aos assessores não concordo com você. O problema não são os assessores, e sim, quem os escolhe. Em relação ao concurso mundial concordo totalmente com você. Caro leorocha84, por mais estranho que pareça, Ubatuba está inserida no mundo.