Brasil

Facetas do capitalismo

Sidney Borges
Meu avô mudou-se, para São Paulo no princípio da década de 1920. De administrador de fazenda, em Cravinhos, passou a operário na capital. Minha avó tinha problemas de saúde, na cidade grande podia contar com a ajuda das irmãs.

A vida de operário não era fácil. As jornadas de trabalho eram de 12 horas, podendo chegar a 16, com meia hora para engolir o conteúdo requentado da marmita. Havia expediente aos sábados. Em pelo menos um domingo ao mês trabalhava-se meio período.

Férias nem pensar, não havia nenhum tipo de assistência médica. O desconto das faltas, ainda que motivadas por doença, era implacável. Em caso de demissão, quando muito um até logo. Indenização, mera quimera.

O salário era suficiente para 20 dias de quase inanição, dormindo em cortiços de banheiro coletivo no fim do corredor. Viver, se é que se pode chamar essa tortura de vida, era empurrar dívidas e torcer para não ficar doente.

Nesse clima de fazer inveja ao diabo surgiu o trabalhismo de Getúlio Vargas. Em pouco tempo meu avô passou a trabalhar 8 horas, a ter férias, a ganhar hora extra e a ter direito a aposentadoria e assistência médica.

Dizem que o Caudilho se baseou na "Carta del Lavoro", ou alguma coisa assemelhada, de Mussolini. Que importa? Enquanto vivesse Getúlio seria venerado como o "Pai dos pobres".

Lula segue na mesma trilha. Para quem nunca passou dificuldades não dá para imaginar o poder dos programas sociais. Desde criança ouço falar em ensinar a pescar. Quando?

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