Ubatuba em foco

O que a ACIU tem a ver com o lixo?

Rui Grilo
Nos vários órgãos técnicos onde trabalhei e, nos sindicatos de que participei, havia um serviço de arquivo de matérias publicadas nos vários meios de comunicação (clipping) e que digam respeito à instituição ou de alguma forma interfira na sua atuação. Acredito que seja uma prática comum a toda firma bem organizada.

Ora, as questões de saneamento básico e saúde, nos últimos tempos tem tido um impacto negativo muito grande nas atividades hoteleiras e turísticas e, consequentemente em todas as atividades econômicas do litoral norte, gerando desemprego e violência.

Examinando apenas o índice dos meus textos, já há menções a essas questões desde 2005, tendo sido realizados vários debates, tanto no âmbito municipal como no regional. Em 11/04/05, a Folha de São Paulo publicou o texto “O Litoral Norte pode morrer na praia” em que fazia uma análise muito crítica da situação e da atuação dos órgãos responsáveis. Assim, o transbordo não foi uma medida emergencial. A situação já vem sendo discutida por ativistas e técnicos há bastante tempo por iniciativas da sociedade civil.

Então, é de ficar estupefato a seguinte afirmação do presidente da Associação Comercial de Ubatuba:

“me estranha agora este questionamento, sendo que, desde o início do ano passado a Prefeitura já anunciava o problema com o aterro sanitário. Acredito que vocês do PT sabiam também antecipadamente deste problema tendo em vista que o vice-prefeito era do seu partido.”

É de conhecimento público que o PT rompeu com o prefeito pelo fato de, apesar de ter contribuido para a vitória, nunca ser acatado e nem levado em consideração na formulação das políticas municipais. Desde o começo do primeiro mandato já estava colocado o problema do destino do lixo, mas foi empurrado com a barriga e, tanto o prefeito como a ACIU se omitiram. Não me lembro da ACIU ter tido uma atuação à altura da sua importância e de sua representatividade na defesa dos interesses da comunidade no que se refere à cobrança da abertura dessa discussão com a sociedade.

Na época em que era da equipe de coordenação da Agenda 21, apesar da importância da tarefa que a Agenda 21 tem para cumprir, várias vezes tentamos conversar com a ACIU e nunca fomos recebidos como merecíamos. Então, é fácil jogar a culpa no outro e não assumir a tomada de atitude em defesa da cidade.

Pela importância que a ACIU tem, ainda dá tempo para ela ser um dos meios de pressão para que se encontrem soluções mais adequadas para o município. É só não se omitir e ficar do lado da grande parte da população.

Uma das formas da ACIU poder contribuir é colocando o auditório a serviço da comunidade, porque, muitas vezes, o planejamento e a tomada de atitude ficam comprometidos pela dificuldade de um espaço adequado para reuniões.
Rui Grilo
ragrilo@terra.com.br

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