Terrorista ou idealista?

Duas visões da esquerda sobre um fato:

O caso Battisti

Mino Carta em 13 / 01
Ótima fonte diz que o ministro da Justiça, Tarso Genro, está para manifestar-se a favor do asilo a Cesare Battisti. A fonte, como disse, é ótima, mas espero que esteja errada. Battisti, como já foi fartamente divulgado por CartaCapital, inclusive por um texto de Wálter Fanganiello Maierovitch, o melhor conhecedor entre nós do funcionamento da Justiça italiana, matou pessoalmente três pessoas e foi mandante de um quarto assassínio. Em nome de razões políticas inconsistentes. Foi condenado à prisão perpétua por um tribunal idôneo há muito tempo. Fugiu, e depois de uma passagem pela França, acabou no Brasil, onde está preso, à espera das decisões da Justiça brasileira. Passo por cima das quizílias jurídicas e vou ao ponto. Existe uma campanha a favor de Battisti engendrada nos meios mais ou menos intelectuais de uma esquerda festiva e corporativista. Militam na operação, determinada e capilar, também cidadãos em boa fé, evidentemente prejudicados pela desinformação. Mas os estrategistas não hesitam em omitir fatos e propalar inverdades. Por exemplo: que o pedido de extradição parte do governo de direita de Silvio Berlusconi, quando é do conhecimento até do mundo mineral que partiu do governo anterior, de centro-esquerda. E é a este tempo, aliás, que remonta a primeira reportagem de CartaCapital. Manobras escusas de tal gênero são tanto mais eficazes neste nosso Brasil, tão alheio às vicissitudes sofridas por vários países europeus, sobretudo na década de 70. De todo modo, quem bate recordes em voos da imaginação é o próprio Battisti: em uma entrevista à revista Época, avisa que, se for extraditado, na Itália será assassinado. Talvez suponha que o Brasil em peso foi assistir “Gomorra”.


Cesare Battisti conquista condição de refugiado político

Por REFÚGIO 14/01/2009 às 14:00
O Ministro da Justiça, Tarso Genro concedeu hoje o status de refugiado político ao escritor e ativista Cesare Battisti. Isso significa, na prática, que foi reconhecida oficialmente a perseguição política que Cesare sofre por parte do governo italiano e que sua extradição se torna inconstitucional. Ainda não há previsão, mas Cesare deve sair em breve da Papuda, penitenciária do DF aonde está preso.
Cesare militou no grupo autonomista "Proletários Armados pelo Comunismo" na Itália dos anos 70. Desde que o grupo optou pela luta armada como tática de ataque, Cesare decidiu buscar outras maneiras de atuação e fugiu do país. O escritor sofre de perseguição política desde então: viveu em diversos países clandestinamente e foi condenado a revelia por crimes que não cometeu. Deixou a clandestinidade quando o presidente francês François Miterrand concedeu asilo político a todos/as os/as militantes que abandonassem a luta armada e negou sua extradição à Itália. Quatorze anos depois, quando Cesare já era um escritor policial conhecido e mantinha uma vida estável em Paris, a Itália refez o pedido de extradição à França, dessa vez concedida pelo então Ministro dos Interiores Nicolas sarkozy. Uma vez mais Cesare se encontrava na forçada situação de fuga, clandestinidade, perseguição midiática. Foge para Brasil e é preso um ano depois, no Rio de Janeiro.
A "caça as bruxas" também chega aqui. A Itália pede ao Brasil a extradição do ativista, ainda que o Governo Brasileiro não possa extraditar ninguém por crimes políticos. Mesmo que o caso de Cesare seja explicitamente um caso de perseguição política, seu processo teve demoras inexplicáveis, pareceres favoráveis à extradição quando todos esperavam o contrário e o próprio comitê nacional para os refugiados (CONARE) recusou seu pedido de refúgio, ignorando provas como a declaração pública do ex-Ministro da Justiça Italiano de que todas as garantias de direitos a Cesare eram apenas uma tática para fazer com que o Brasil concedesse sua extradição.
A liberdade de Cesare ajuda a derrubar as grades dos/as presos/as políticos/as do mundo inteiro. Sua vitória sobre as perseguições e prisões é também uma vitória de todos/as nós, que insitimos em lutar por um novo mundo.


Nota do Editor - Não me sinto em condição de julgar se o ministro Tarso Genro agiu certo ou errado ao conceder o asilo. Sei que o Brasil tem uma Constituição a ser respeitada. Se houve erro este será corrigido, se não houve viva a decisão. Sei também que não gosto de terroristas. De qualquer tendência. Suas ações colocam em risco vidas inocentes. (Sidney Borges)

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