Energia

O vento ao sabor do vento

Nurit Bensusan (Clique aqui e leia o original)
Nunca pensei que aquele refrão de uma famosa canção do Bob Dylan: "The answer, my friend, is blowing in the wind" (a resposta, meu amigo, está pairando no vento) devesse ser levada ao pé da letra. Mas, assim é... Um estudo do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, calculou o potencial eólico brasileiro e concluiu que, se todo esse potencial fosse convertido, seria possivel gerar mais da metade da energia consumida no país. Hoje, os ventos respondem por menos de 1% da energia gerada no Brasil.


Nossa matriz energética é reputada como "limpa". Isso porque, como a grande preocupação ambiental do momento é a emissão de CO2 - e, consequentemente, o aquecimento global -, a maior parte da energia produzida no Brasil vem de hidrelétricas. Como estas pouco contribuem para aumentar os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera, a energia por elas gerada é considerada "limpa". Agora, com o aumento da demanda por energia elétrica, começamos a usar significativamente termelétricas a gas natural que, embora melhores do que aquelas movidas a diesel ou a carvão mineral, dão uma contribuição significativa para o efeito estufa.

Se, porém, a preocupação-mor fosse, como era há poucos anos, o desmatamento e a extinção das espécies, as hidrelétricas não poderiam apresentar mãos limpas. Muitas delas acabaram com ambientes únicos no país, colaboraram para a extinção local de muitas espécies e, mais grave, causaram a ruptura de muitos processos ecológicos importantes para a manutenção da biodiversidade.

O sabor do vento pode acabar com tudo isso, transformando nossa matriz energética em algo realmente limpo, em todos os sentidos. Difícil pensar em coisa melhor do que ficar olhando o mar e sentir uma deliciosa brisa soprando. Imagine agora pensar que essa brisa fresca e gostosa pode gerar mais da metade da energia consumida no país. Mais difícil, porém, é saber de tudo isso e ver o Brasil continuar optando por energia que destrói biodiversidade ou energia que aquece o planeta...

Então, abaixo Dom Quixote e viva os moinhos de vento!

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