Ubatubices

Sexta-feira é dia de bruxas e lobisomens

Sidney Borges
Que tristeza, a lei que isentava sexagenários da obrigação de pagar passagens nos coletivos ubatubanos foi declarada inconstitucional. Eu me imaginava indo à Maranduba pela manhã e à Picinguaba à tarde. Até cuidei do equipamento. Comprei uma lancheira nas Casa Bahia, uma bermuda nova nas Casas Fernandes e um tênis bonitaço na sapataria do Kibe. Vou usar no reveillon, menos a lancheira, claro, nesse dia não vou precisar de lanche, é dia daquelas comidas de fim-de-ano. Peru, bacalhau, pernil, torta, tudo light. Pato eu não como, tenho notícias de dois conhecidos que comeram e se deram mal. Um deles foi meu colega na FAU, comeu pato laqueado e teve pancreatite. Dizem que comeu o pato inteiro. Muita gordura, deu tilt nos miúdos. Depois de algumas semanas no Einstein acabou batendo as botas. Tristeza. O outro amigo, também arquiteto, mas do Mackenzie, também comeu pato e também teve pancreatite, mas sobreviveu. Na semana posterior à alta hospitalar o incauto tomou uma garrafa de vinho e quase foi encontrar o outro comedor de pato. Não me ofereçam pato, é perigoso. Prefiro peixe. Na verdade comer é uma necessidade ligada à condição primitiva de desenvolvimento espiritual dos habitantes deste planeta. Não há como um espirito evoluído habitar as tranqueiras que são nossos corpos. Quando evoluirmos seremos leves, menos alimentos sólidos serão necessários, viveremos da atmosfera, como as maiores árvores do mundo fazem. Salvo uma ou outra pizza que ninguém, por mais evoluído que seja, é de ferro. Agora vou consolar o seu Albano, ele está com medo de ter de devolver o dinheiro das passagens que não pagou. Eu já disse que isso não vai acontecer, mas ele é teimoso, falou que em Ubatuba tudo é possivel. Depois de pensar um pouco acabei concordando. Em Ubatuba tudo é possível.

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