Ubatuba

Cuidar o presente

Corsino Aliste Mezquita

Sofremos ao tomar conhecimento de desastres naturais previsíveis e imprevisíveis. No Brasil já acostumamos a conviver com os previsíveis e a nada fazer para que se tornem imprevisíveis. É o que, técnicos climáticos, geólogos e especialistas em relevo, estão a criticar e, TODOS, lamentamos na catástrofe catarinense, em outras que ocorrem por todo o Brasil, se repetem ano a ano e poderiam ser totalmente evitadas ou minoradas. Para isso não faltam conhecimentos técnicos, avisos de geólogos, geógrafos, especialistas em clima e cientistas sociais. Faltam, sim, ouvidos aos administradores dos três níveis de governo, para ouvi-los, seguir suas orientações e tomar medidas preventivas, não permitindo a ocupação das áreas de risco, desmatamento e ocupação de encostas, margens de rios, várzeas de águas espraiadas e mantendo limpos leitos de rios, córregos e canais de águas pluviais. No outro extremo: removendo aqueles que já ocuparam essas áreas. Medidas simples que evitariam grandes perdas, materiais e humanas.

Autoridades estaduais e municipais, das regiões Sul e Sudeste, com municípios encravados na Serra do Mar, nos vales fluviais, nas suas encostas e nas planícies litorâneas, não podem esquecer os conselhos e constatações, tantas vezes repetidos, do maior geomorfólogo da história do Brasil, Dr. Aziz Nacib Ab´Sáber: As estruturas geológicas da Serra do Mar são podres. Submetidas a grandes e continuadas chuvas pode apresentar deslizamentos e aludes ou avalanches de terra e vegetação, seguidas de acomodação de camadas e protuberâncias no solo. Todo isso em circunstâncias normais. Devastada a vegetação e retirados os apoios é fácil prever o que vai acontecer.

A primeira vez que ouvi isso do Dr. Aziz foi em 1966, sobre o MORRO SANTA TERESA, em Santos, em um dia de estudo de campo da faculdade de Geografia da PUC-SP. Pediu para olharmos para baixo e observar as encostas ocupadas do morro e disse: “Todas essas casas, um dia, devem amanhecer na avenida. Não sei quando será esse dia, mas podem escrever”. Como previsto, o desastre aconteceu anos depois, com grandes perdas materiais e algumas mortes.

Ubatuba está situada nessa “estrutura geológica podre”, temos o terceiro maior índice pluviométrico do Brasil ( + - 3.000 mm3 ) e, nos últimos trinta anos, tivemos diversos avios prévios da natureza. Infelizmente nossos administradores fizeram ouvidos moucos a esses alertas ou, em atitudes de leniência e ou cumplicidade, toleraram a ocupação de áreas de risco, desmatamento e ocupação de encostas, margens de rios, áreas periodicamente inundadas etc, etc. Os resultados, os problemas e os sofrimentos todos conhecemos e não tivemos uma possível grande catástrofe.

Essas atitudes, do passado e do presente, devem ser abandonadas. É urgente remover obstáculos, apresentar soluções para os problemas e cuidar, cuidar, cuidar para que as ocupações em áreas de risco não continuem avançando. A natureza está avisando: “Cuidem do presente para prevenir o futuro”. Deixem loucuras o obras faraônicas de lado. “Quem avisa amigo é”.
VIVA UBATUBA! SEM DENGUE E SEM OPRESSORES.

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