A ponderar...

A lavoura arcaica da cana

Carlos Tautz no Blog do Noblat
(...)De explorações dos seres humanos aos impactos sobre a diversidade biológica, os recursos hídricos, a produção de alimentos e a incrível concentração da propriedade da terra, tudo foi magicamente esquecido para aproveitar uma oportunidade de negócios aberta pelo pânico com as mudanças no clima do planeta. Como se fosse possível reescrever um ensaio sobre a cegueira a respeito dos impactos negativos da lavoura mais arcaica do Brasil.

Outra vez o Estado brasileiro opta por intervir na economia da cana para privilegiar grupos econômicos. Como lembra o advogado pernambucano Bruno Ribeiro, estudioso do tema que há quase 20 anos defende organizações como a Comissão Pastoral da Terra e os trabalhadores da Usina Catende, o setor canavieiro foi, é e será o que dele decidir fazer o Estado brasileiro.

"Foi assim na instituição das capitanias hereditárias e na década de 1930, na criação Instituto do Açúcar e do Álcool, e permanece em vigência, quando o BNDES é escolhido como agência viabilizadora da indústria da cana. Somente em 2008, o Banco se comprometeu com o desembolso de R$ 6,4 bilhões para a indústria canavieira. Isso seria suficiente para pagar o seguro desemprego de 500 mil cortadores de cana durante sete anos e meio", diz Ribeiro.
Segundo ele, com tal poder de fogo o Estado tem condições de rapidamente impor a normalização das condições de trabalho no setor (leia-se a aplicação da CLT).

O BNDES, porém, não tem qualquer visão estratégica de desenvolvimento quando faz seus aportes bilionários no setor do etanol. Objetiva exclusivamente a aumentar os números de seus desembolsos e o retorno de seus financeiros, embora pudesse e devesse aproveitar sua capacidade indutora para finalmente fazer avançar as relações de trabalho em um setor conhecido por explorar seus trabalhadores em níveis equiparáveis aos níveis aplicados aos escravos. O Banco prefere, entretanto, tapar o sol com a peneira, quando alguém o lembra de tudo ao redor da indústria do álcool, que é viabilizada pelos seus aportes bilionários. (...)
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