Opinião

O Brasil conhece mal a China

Editorial do Estadão
O empresário brasileiro desconhece a China, disse o embaixador do Brasil em Pequim, Clodoaldo Hugueney, numa entrevista publicada ontem no Estado. O mercado chinês absorveu exportações brasileiras no valor de US$ 13,71 bilhões entre janeiro e setembro, deixando-nos atrás somente dos Estados Unidos e quase empatados com a vizinha Argentina. O empresariado nacional deveria saber mais do que sabe sobre um parceiro comercial tão importante, mas o desconhecimento desse mercado pelos exportadores brasileiros não é a única deficiência preocupante apontada na entrevista. Afinal, se os chineses compram tanto do Brasil, isso se deve principalmente ao esforço do setor privado. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez muito barulho acerca da aproximação entre os dois países, com muita retórica sobre aliança estratégica, mas não foi muito além disso. Não chegou sequer a montar uma representação diplomática à altura da relevância atual e das perspectivas do comércio e da cooperação econômica entre os dois países.


O embaixador procurou ressaltar a importância atribuída pelo governo brasileiro à parceria com a China, mas a situação por ele descrita mostra uma enorme distância entre o palavrório da cooperação bilateral e a ação efetiva.

"A embaixada sou eu, o ministro-conselheiro e quatro diplomatas", disse o embaixador à correspondente do Estado, Cláudia Trevisan. A esse grupinho acrescenta-se um contingente de menos de 40 funcionários. A representação diplomática do Canadá tem quatro ou cinco representações comerciais fora da capital e está abrindo mais meia dúzia.

Na embaixada brasileira, um diplomata e dois funcionários chineses cuidam da parte comercial, segundo o embaixador. A situação, disse ele, deve melhorar com a abertura de um escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A Apex e um pequeno grupo de empresários brasileiros já vêm trabalhando há alguns anos para intensificar a cooperação bilateral e o conhecimento mútuo dos dois mercados, mas é possível fazer muito mais. Um envolvimento mais amplo do Itamaraty poderia ser muito útil.
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