Coluna da Terça-feira

Vem aí a temporada. Como está Ubatuba? E o Turismo?

Maurício Moromizato
Na coluna de hoje, reproduzo abaixo uma matéria que guardei para usar em momento oportuno e chegou esse momento.

AVANÇO DO TURISMO EXCLUI OS MAIS POBRES

Coluna Canal Aberto - Guilherme de Barros – Folha Economia de 24 de Abril de 2008
O Trabalhador de baixíssima renda não é o mais beneficiado pelo avanço do turismo no Brasil, segundo o estudo “turismo e diminuição da pobreza”, realizado por pesquisadores da UnB e da Universidade de Nottingham, no Reino Unido.
“Os mais pobres não conseguem se engajar na indústria do turismo porque falta qualificação”, diz Jorge Arbache, do Centro de Excelência em Turismo da UnB e co-autor do estudo. Adrian Blake e M. Thea Sinclair, da Universidade Britânica, e Vladimir Teles, que foi da UnB, assinam o trabalho.
No caso do avanço da presença de estrangeiros, o aumento de renda para os mais pobre se dá com menor intensidade, pois os gastos dos estrangeiros se concentram em locais que empregam mão-de-obra qualificada, como agências de Turismo. Arbache diz que, dos 17% dos turistas que contratam agências de Turismo no país, 11% são estrangeiros.
O estudo classifica como baixíssima renda trabalhadores com renda per capita/mês de 34 dólares, o que corresponde à linha da pobreza. Exemplos desses trabalhadores são os vendedores de praia e quem atua em empresas não-legalizadas.
O pesquisador afirma que, na viagem dos estrangeiros, em muitos casos, gastos com hospedagem e alimentação são feitos no país de origem. “Imagine um turista português que sai do seu país em uma aeronave de empresa estrangeira para ficar em um resort com capital português. Aqui, gastará em locais que não necessariamente empreguem os mais pobres.”
Outra conclusão do estudo é que, quanto mais pobre é o país, mais limitado é o impacto do turismo na diminuição da pobreza. “A porcentagem do total dos gastos com turismo que fica no país é, no geral, da ordem de 30% ou menos”, diz Arbache.
No Brasil, o estudo simula o impacto na renda do trabalho das famílias de um incremento de 10% no número de turistas estrangeiros e conclui que as famílias de alta renda e de baixa renda seriam as mais beneficiadas.
Em porcentagem, a classe em que a participação do turismo na renda do trabalho das famílias é mais alta é na baixíssima renda – 8,32% dos ganhos dessas famílias vem do setor, enquanto 5,07% da renda dos mais ricos provém do turismo.
No entanto, Arbache diz que isso acontece porque o turismo ainda é uma atividade semi profissional no Brasil. “À medida que o setor se profissionalizar, a atividade por conta própria deverá perder espaço.”
Segundo o pesquisador, a situação atual é transitória porque, quanto mais urbanizado, mais o turismo requer padrões de qualidade e controle que excluem os mais pobres. Arbache ressalva que a situação só poderá se reverter em favor da redução da pobreza com a qualificação dos trabalhadores mais pobres e com o encorajamento do turismo doméstico de baixo custo, especialmente em cidades à margem dos grandes centros e nas áreas rurais.
“Temos que olhar o turismo com bons olhos, mas temos que ser críticos com os que prometem que ele poderá resolver os males sociais, e principalmente com o lobby que quer leis mais favoráveis para o setor e usa como argumento a diminuição da pobreza”, conclui.


Pois é, pessoal de Ubatuba. O estudo acima nos permite algumas conclusões a respeito de nossa cidade e do seu futuro:

1 – A chave do desenvolvimento está na educação, e no caso do turismo, na qualificação de mão de obra. No caso do turismo, temos que aliar qualificação da população local com melhoria na educação para que as oportunidades geradas sejam aproveitadas pela população local. Isso implica escolas técnicas, ensino fundamental e básico de qualidade, acesso ao ensino superior;

2 – O turismo deve ser atividade para profissionais, inclusive no setor público, o que significa estudo, diagnóstico e planejamento da situação do município e de suas perspectivas, que possibilite a construção de um Plano Municipal de Turismo. Precisamos de instituições fortes e atuantes, e muita democracia, com a participação dos cidadãos durante todo o processo, que é por si só uma atividade educativa também;

3 – Ubatuba é uma cidade média, que não suporta mais viver só da temporada e isso nos faz obrigados a procurar atividades econômicas por todo o ano. Transformar nosso veranismo em indústria de turismo deve ser um dos itens de nosso desenvolvimento e sob a perspectiva de um município com menos miséria, temos que considerar outros itens, tais como o desenvolvimento de um turismo para atender a demanda regional, proporcionando aumento do público. Com inclusão de todo o município nos nossos atrativos aumentando assim o número de atrações e de trabalhadores envolvidos com o turismo;

4 – Temos a necessidade de pensar e agir no sentido de encontrar outras vocações ou atividades econômicas que possam desenvolver Ubatuba, valorizando a pesca, a agricultura, a indústria (sim, já temos e podemos ter mais e melhores indústrias aqui e o assunto será tema de outra coluna) e tirando o estigma e a responsabilidade do turismo ser a “salvação da nossa lavoura”.
Para o turismo, boas vindas ao novo secretário. Valorize o Conselho Municipal de turismo, persiga de maneira obstinada e urgente a construção do Plano Municipal de Turismo, participativo, tendo sempre em mente que sua gestão só será válida se deixar uma marca positiva e duradoura para a cidade.


Então caros leitores e cidadãos, continuo afirmando que a saída na verdade é participar da vida da cidade, pois será do choque de interesses, do acúmulo de conhecimento e de experiência de todos nós e do compromisso com Ubatuba que será erguida a cidade que queremos e merecemos. Disputar o município permanentemente, essa é a solução para o turismo e para Ubatuba.
Maurício Moromizato

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