Vida silvestre
CambacicaPresente em quase todas as regiões do País. Pode estar ausente de regiões extensivamente florestadas, como no oeste e centro da Amazônia. É comum em uma grande variedade de habitats abertos e semi-abertos onde existam flores, inclusive em quintais. Vive solitária ou aos pares e é bastante ativa, buscando alimento em qualquer altura. Alimenta-se de néctar e de frutas. Faz ninho esférico que pode ser de dois tipos, segundo sua finalidade: 1) construído pelo casal para reprodução, o qual é relativamente alto e bem acabado, de acesso pequeno, superior e dirigido para baixo, coberto por longo alpendre que veda a entrada, 2) construído para descanso e pernoite, o qual é menor, de construção frouxa e com entrada larga e baixa. Põe de 2 a 3 ovos branco-amarelados, com pintas marrom-avermelhadas. A incubação é feita exclusivamente pela fêmea. Conhecida também como mariquita, caga-sebo, sebito, chiquita (Rio de Janeiro), papa-banana (Rio Grande do Sul), saí e tem-tem-coroado (Pará). Comum em Itanhaém e em todo Litoral Sul e Litoral Norte. (avistarbrasil)
Cambacicas são barulhentas
Sidney Borges
Alguma coisa me pareceu fora do normal no jardim de casa nesta manhã de domingo que pede cachimbo. Na infância eu imaginava uma árvore que dava cachimbos, como as laranjeiras dão laranjas. Pé de cachimbo. Quando descobri a verdade foi um momento de iluminação, me senti o próprio agente 86. Smart. Por volta das nove e um quarto saí do escritório e dei de cara com uma cambacica. Tem uma família morando na primavera branca do jardim. Embora arredias as pequenas aves estão acostumadas comigo e com meu fiel cão Brasil, felicíssimo com a vitória de Obama. Pois é, hoje a falta de cerimônia passou dos limites, a ave ignorou solenemente a minha aproximação e continuou andando de um lado para o outro, buscando, procurando... Deu para imaginar a lente de sherlock em sua mãozinha delicada. Para quem não sabe, cambacicas têm mãos. Ficam nas extremidades das asas, mas não são todos que vêem. Deixei de lado o que estava fazendo e me concentrei a observar. No muro outro membro da família mostrava grande agitação. De longe me pareceu que respirava fundo ou mesmo bufava. Após alguns minutos os pássaros voaram. Na hora do almoço o som de pássaros piando me alertou. Um diálogo, alguém chamava com energia e a resposta era imediata. Havia tensão na conversa, eu que ouvia Diana Krall desliguei o som e prestei atenção, tentando identificar a origem de chamadas e respostas. Depois de alguns momentos Brasil deu a pista, começou a choramingar excitado em frente à lareira. Quando me aproximei a pequena cambacica voou. Vôo de manicaca, solo recente. O filhote tinha entrado na sala e não sabia sair. Com a ajuda de meu inestimável ajudante para qualquer tarefa, Brasil, consegui pegar cuidadosamente a avezinha e a soltei no jardim. Ela prontamente voou firmamento afora e, suponho, deve ter se comunicado com os pais. O sossego voltou ao recôntido do lar e eu então pude ver Roy Jones Jr. levar a maior surra da paróquia de Joe Calzaghe. Quem diria, em tempos recentes Roy Jones era imbatível. Ninguém é imbatível, essa é a grande verdade.
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